BI341 - O Instalador

ESPECIALISTA EM... 80 Mobilidade Elétrica Filipe Bello Morais Senior Board Advisor no Grupo Sotecnisol Conta com mais de 25 anos de experiência no setor de Energia e Potência, e dedicou grande parte da sua carreira ao negócio das energias renováveis. A sua especialização abrange o setor solar fotovoltaico, desde projetos de grande escala (Utility Scale) a instalações comerciais e industriais (C&I) e Comunidades de Energia, bem como aplicações de Biometano, incluindo soluções Waste-to-Energy e ORC. É Mestre em Engenharia Química Industrial pela Universidade Nova de Lisboa, e conta ainda com um MBA em Estratégia e Gestão de Negócios pelo ISEG – Lisbon School of Economics and Management. Quais são os principais desafios técnicos e regulatórios que condicionam a massificação da mobilidade elétrica? A transição para a mobilidade elétrica é um pilar fundamental da sustentabilidade, mas a sua massificação depende criticamente da criação de uma rede robusta de infraestruturas de carregamento. A implementação destas infraestruturas, especialmente em parques empresariais, hotéis e condomínios, enfrenta desafios técnicos e regulatórios complexos que exigem soluções inovadoras e integradas. Do ponto de vista técnico, que barreiras se colocam atualmente à instalação de infraestruturas de carregamento? Os desafios técnicos são multifacetados. A capacidade da rede elétrica existente, muitas vezes, não foi concebida para suportar múltiplos carregamentos em simultâneo, o que exige a implementação de sistemas de gestão dinâmica de cargas (load-sharing) para evitar sobrecargas e otimizar a distribuição de energia. A limitação de espaço físico, particularmente em áreas urbanas densas, impõe a necessidade de layouts otimizados e soluções de design que minimizem o impacto. Além disso, a integração dos postos de carregamento com sistemas de gestão energética já em operação – como Energy Management Systems (EMS), smart grids e baterias de armazenamento – é crucial para um funcionamento eficiente, permitindo, por exemplo, o carregamento em períodos de menor custo ou o uso de energia renovável. E em termos regulatórios, que obstáculos dificultam a concretização destes projetos? Paralelamente, a complexidade das normas técnicas e de segurança, os morosos processos de licenciamento e a dificuldade em aceder a incentivos e subsídios governamentais representam barreiras regulatórias significativas que podem atrasar ou inviabilizar projetos. A conformidade com a legislação específica de cada jurisdição e a navegação eficiente pelos processos burocráticos são, por isso, essenciais para o sucesso e a viabilidade financeira das infraestruturas. A mobilidade elétrica afirma-se como peça central na transição energética, mas a sua expansão depende de um desafio decisivo: a criação de uma rede sólida e eficiente de infraestruturas de carregamento. Entre obstáculos técnicos e entraves regulatórios, a implementação destes sistemas exige soluções inovadoras, modelos de negócio flexíveis e um enquadramento legal mais ágil. Só assim será possível acelerar a adoção dos veículos elétricos e garantir um futuro alinhado com as metas de descarbonização.

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