OPINIÃO ANFAJE pede estratégia para a melhoria do conforto acústico João Ferreira Gomes, presidente da ANFAJE As janelas eficientes são essenciais para combater o ruído indesejável. Os edifícios localizados em zonas com muito ruído, junto aos aeroportos, linhas ferroviárias e vias rodoviárias com tráfego intenso, carecem da instalação de janelas dotadas de vidros acústicos. A grande maioria destes edifícios foi construída antes das infraestruturas serem construídas, reestruturadas ou ampliadas, pelo que os seus ocupantes (proprietários ou arrendatários) não têm qualquer responsabilidade pelo aumento do nível de ruído nessas zonas. Por isso é fundamental melhorar o seu conforto acústico, promovendo a substituição das janelas antigas por novas janelas eficientes com a tipologia e a solução de vidro adequadas para zonas com muito ruído de tráfego. A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece a poluição sonora como um problema de saúde pública mundial e 20% da população europeia (um em cada cinco) vivem em zonas com ruído considerado prejudicial para a saúde. A Agência Europeia do Ambiente assegura que a poluição sonora causa 16 mil mortes prematuras e mais de 72 mil hospitalizações por ano. Também de acordo com um estudo recente da associação ZERO, vivem cerca de 414 mil pessoas, num raio de cinco quilómetros do aeroporto de Lisboa, particularmente afetadas pelas partículas ultrafinas emitidas pelos aviões e pelo excesso de ruído, fatores que, de acordo com o estudo, são potenciadores de milhares de casos de doenças como a hipertensão, diabetes ou demência. Portugal não está no pódio dos países europeus com ruído excessivo. No entanto, tendo em conta a má qualidade da construção da maioria dos edifícios portugueses, o desconhecimento ou falta de cumprimento do Regulamento Geral do Ruído (RGR) e a falta de cuidado aquando da construção e ampliação de estradas, autoestradas, ferrovias ou aeroportos, o país é, decerto, um dos países nos quais a situação de isolamento acústico é bastante débil. Basta recordar que as principais infraestruturas portuguesas de transportes foram ou têm sido construídas e remodeladas sem se ter em consideração as medidas de proteção ao nível do ruído das habitações envolventes, nomeadamente através da criação de incentivos para o reforço do isolamento acústico das habitações, sendo evidente a falta de conforto para todos os edifícios situados nos ‘corredores aéreos’ e junto às autoestradas e ferrovias. A questão do ruído excessivo no interior das habitações acaba por ser um intruso perigoso, silencioso e progressivo, tendo em conta que os habitantes não dão a devida importância, pois acabam por se ‘habituar’ ao desconforto. Mas o que os olhos não veem, o ouvido sente. Não é admis50 PERFIL
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