36 PERFIL EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: SISTEMAS DE ÚLTIMA GERAÇÃO Renovação energética dos edifícios comerciais na Europa em risco de falhar meta de 2030 Especialistas alertam para o ritmo insuficiente de intervenções e defendem aposta na inteligência digital. A Europa enfrenta um desafio considerável na corrida contra o tempo para tornar os seus edifícios comerciais mais eficientes em termos energéticos, segundo uma recente análise do Buildings Performance Institute Europe (BPIE). O estudo revela que apenas 0,4% dos edifícios comerciais do continente são alvo de renovações energéticas todos os anos – um valor dez vezes inferior ao objetivo definido. Com este ritmo, mais de 99% dos edifícios não vão conseguir cumprir a meta estabelecida para 2030, conforme acordado pelos países na cimeira do clima COP28. De acordo com a legislação da União Europeia, 16% dos edifícios com pior desempenho energético deverão ser renovados nos próximos cinco anos. No entanto, com menos de 0,5% de edifícios renovados por ano, os especialistas alertam que nem o objetivo mínimo será alcançado. Esta preocupação foi sublinhada por especialistas em eficiência energética da Exergio, uma empresa que desenvolve plataformas baseadas em inteligência artificial para otimização energética. O setor dos edifícios é responsável por cerca de 30% da procura energética global e 26% das emissões de CO2 relacionadas com energia, segundo dados da Agência Internacional de Energia (IEA). Os edifícios são, de facto, os maiores emissores e a melhoria do seu desempenho energético é fundamental para atingir as metas climáticas assumidas na COP28. Obstáculos persistentes e falta de dados operacionais O relatório do BPIE identifica vários problemas recorrentes em diferentes regiões da Europa. Entre eles está a existência de metas sem mecanismos eficazes de fiscalização, bem como padrões de desempenho inconsistentes. Outro ponto crítico é a inexistência de dados operacionais em tempo real que permitam análises precisas e ajustes imediatos nos sistemas dos edifícios. Donatas Karciauskas, CEO da Exergio, é perentório: “as renovações profundas praticamente não acontecem no setor edificado. Temos de parar de fingir que acontecem. Não se consegue corrigir o que não se vê, e neste momento ninguém está a monitorizar os números em tempo real. Precisamos de inteligência digital capaz de identificar ineficiências ocultas e otimizar, toda a operação energética dos edifícios”. Ir além dos consumos globais O BPIE recomenda que os países ultrapassem a simples medição do consumo total de energia e passem a analisar como a energia é distribuída entre os diferentes sistemas dos edifícios – aquecimento, arrefecimento, iluminação – e de que forma os espaços são utilizados ao longo do dia. Esta abordagem permite identificar ineficiências específicas e ajustar operações em função das necessidades reais dos ocupantes. Segundo os especialistas, os sistemas de monitorização europeus, como o Eurostat e o EU Building Stock Observatory, ainda apresentam lacunas, Mais de 99% dos edifícios não vão conseguir cumprir a meta para 2030 estabelecida na cimeira do clima COP28
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