BJ28 - Novoperfil Portugal

REVISTA DA ENVOLVENTE DO EDIFÍCIO JANELAS | FACHADAS | VIDRO | PERSIANAS | TOLDOS | PORTAS | AUTOMATISMOS Novembro 2025 28 2025/6 PERFIL www.novoperfil.pt Preço:11 € | Periodicidade: 6 edições por ano Máxima poupança energética Uf = 1,3 W/m2K www.veka.pt Siga a VEKA em: Sensação térmica perfeita • Único com tripla junta perimetral, garante uma excelente estanquidade. • Permite fabricar elementos com um grande tamanho, até 4200 mm de largura x 2400 mm de altura. • Maior superfície envidraçada, com um aumento de até 16 cm de altura e 7 cm de largura na folha xa. • Amplo nível de envidraçamento de até 48 mm.

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PERFIL SUMÁRIO Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Defensores de Chaves, 15, 3.º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Grupo Interempresas Media, S.L. (100%) Diretora Gabriela Costa Equipa Editorial Gabriela Costa, Joana Peres, José Luis Paris Marketing e Publicidade Frederico Mascarenhas redacao_novoperfil@interempresas.net www.novoperfil.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 66 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127424 Déposito Legal 468458/20 Distribuição total +8.500 envios. Distribuição digital a +7.400 profissionais. Tiragem +1.100 cópias em papel. Edição Número 28 – Novembro de 2025 Estatuto Editorial disponível em https://www.novoperfil.pt/ EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Lidergraf Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal www.lidergraf.eu A Revista Novoperfil é Media Partner Principal da: Parceiros: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da Novoperfil adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. Smart home and building solutions. Global. Secure. Connected. ATUALIDADE 6 EDITORIAL 6 13ª Conferência Passivhaus Portugal bate recorde de participação 10 Tektónica 2026: uma edição de peso com foco na inovação e no mercado da construção 12 Arquitect@Work Lisbon 2025: descarbonizar a arquitetura, inspirar a construção 14 Sustentabilidade e digitalização em debate no Congresso ASEFAVE 2025 16 Barcelona, epicentro da arquitetura mundial em 2026 18 Indústria nacional posiciona-se como referência europeia na aplicação do DPP 20 Arquitetura de precisão industrial e sensibilidade natural para a nova sede da Extrusax 40 Um santuário urbano 44 APAL | Do metal do futuro ao motor da descarbonização 48 Indústria do alumínio em foco no Parlamento Europeu 56 Hydro entrega fachada em alumínio reciclado à Frieze London 2025 60 Reynaers Aluminium desafia o setor da construção a olhar a sustentabilidade “de todos os ângulos” 61 Cortizo inaugura centro logístico em Vila do Conde 62 Strugal celebra o seu 50.º aniversário com uma nova edição do STRUGAL 100 64 Exlabesa Architecture apresenta EGS (Exlabesa Gate System) 66 Roto desenvolve fechadura de alavanca standard para portas Roto Safe 70 AGC Zeebrugge celebra 100 anos de inovação 72 Camillo 25: Elegância em vidro e arte na fachada redefinem o luxo lisboeta 73 BREVES ANFAJE 74 Lusil Aluminium Systems aposta em inovação térmica com a tecnologia Low Lambda 76 UE lança primeiro leilão de mil milhões para descarbonizar o calor industrial 78 Saint-Gobain Isover obtém distintivo ‘Igualdade na Empresa’ com o seu primeiro plano de igualdade 80 CE anuncia vencedores dos Prémios New European Bauhaus 2025 81 DOSSIER Janelas do futuro As janelas do futuro 24 Da IoT à autossuficiência: como as janelas estão a redefinir a construção 26 CLASSE+: um compromisso com a eficiência e a sustentabilidade 28 Promover eficiência energética no setor das janelas 30 Janelas inteligentes: três vantagens em automatizar a sua casa neste outono 32 Gémeos digitais e realidade aumentada: a nova fronteira da envolvente do edifício 34 Com janelas eficientes o ruído fica do lado de fora 37 Dupla certificação LEED e WELL Platinum em escritórios do One Parc Central com soluções Saint-Gobain 38

6 Bruxelas propõe novo plano para proteger a indústria europeia do aço A iniciativa pretende garantir uma proteção contínua e mais robusta à indústria do aço, incluindo no setor da construção e, concretamente, na envolvente do edifício. A Comissão Europeia apresentou uma proposta para proteger a indústria do aço da União Europeia contra os impactos injustos da sobrecapacidade global, um fenómeno que ameaça a competitividade e a sustentabilidade de um setor considerado estratégico para a economia europeia. Entre as medidas propostas, destaca-se a redução de 47% das quotas de importação isentas de tarifas, que passarão a estar limitadas a 18,3 milhões de toneladas anuais, bem como o reforço dos direitos aduaneiros fora da quota, que duplicam de 25% para 50%. Adicionalmente, será introduzido um requisito de rastreabilidade ‘Melt and Pour’, que obrigará à identificação da origem e transformação do aço, de modo a evitar práticas de contorno e falsificação de origem. O aço europeu é essencial para setores- -chave como a energia, a mobilidade e a construção, e não pode ser sacrificado por distorções de mercado globais. Bruxelas sublinha que o combate à sobrecapacidade exige uma resposta coordenada a nível global. A Comissão continuará a liderar as discussões no âmbito do Global Forum on Steel Excess Capacity, procurando soluções conjuntas com parceiros comerciais “que partilham os mesmos valores de transparência e concorrência leal”. Uma vez adotada, a nova regulação substituirá automaticamente a medida de salvaguarda atual a partir de junho de 2026, garantindo uma proteção ininterrupta à indústria do aço europeia. EDITORIAL Num contexto em que o setor da construção se debate com a necessidade de adaptação às muitas normativas e regulamentos ambientais que vêm condicionando a atividade das empresas da envolvente do edifício nos últimos meses, o mercado manifesta o seu dinamismo em múltiplos eventos e iniciativas que procuram partilhar conhecimento e sensibilizar para as mudanças em curso. Numa grande reportagem dedicada aos 200 anos do alumínio, assinalados pela APAL numa conferência internacional em que fomos Media Partner, descubra como, na era da sustentabilidade, o “material infinitamente reciclável” é o motor circular da construção. Em mais uma edição da Conferência Passivhaus Portugal, também com a parceria da NovoPerfil e que bateu recordes de participação, o padrão de construção passiva e eficiente ganhou novos adeptos. E no Digital Product Passport Summit, promovido pelo GreenTech Lab, o País posicionou-se na liderança europeia da implementação do Passaporte Digital do Produto, num encontro que analisou os requisitos de conceção ecológica para os materiais de construção, obrigatórios já a partir do próximo ano. Na cerimónia que apresentou a nova imagem institucional da ANFAJE, assinalando os seus 15 anos de atividade, a Associação projetou uma identidade alinhada com os desafios da transição energética e da construção sustentável e digital. Para ler na próxima edição da revista. Já no próximo mês, o Arquitect@Work Lisbon leva à FIL, em Lisboa, uma mostra profissional onde seremos também Media Partner, e cuja palavra de ordem serão as tecnologias que estão a redefinir a envolvente do edifício - das fachadas inteligentes às janelas que reduzem a pegada energética. Na projeção da Tektónica 2026 (que conta igualmente com a parceria da NovoPerfil), o futuro da construção em Portugal faz-se com eficiência energética, materiais inovadores, novas tecnologias construtivas, sustentabilidade, digitalização e processos construtivos modulares e off-site. A não perder, num dossier dedicado às ‘Janelas do Futuro’, a visão da Multi Windows sobre este “elemento central da arquitetura sustentável e do conforto habitacional”. Conheça ainda, no dossier ‘Conforto Térmico e Acústico’ as soluções emergentes para combater a poluição sonora e melhorar o desempenho térmico dos edifícios. Last but not least, o artigo dedicado às tecnologias Digital Twins e realidade aumentada, a nova fronteira da envolvente do edifício. Boa leitura. O futuro tecnológico da construção na era da sustentabilidade

7 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.NOVOPERFIL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Nova imagem, mesmo propósito: ANFAJE entra numa nova fase focada na digitalização, inovação e eficiência Ao celebrar 15 anos de atividade, a ANFAJE apresentou a sua nova identidade institucional, num momento que simboliza o início de uma etapa mais voltada para o futuro. A nova imagem reflete a ambição de continuar a representar e fortalecer o setor das janelas, portas e fachadas eficientes, promovendo a inovação, a sustentabilidade e a união das empresas portuguesas em torno de um propósito comum. No passado dia 10 de novembro, em Oeiras, a ANFAJE apresentou a sua nova identidade institucional, numa sessão que assinalou também os 15 anos de atividade da associação. O evento reuniu associados e alguns dos seus parceiros, num momento de celebração e de projeção para o futuro. A nova imagem reflete a evolução, modernização e o dinamismo da ANFAJE, simbolizando uma associação mais inovadora, mais próxima das empresas e alinhada com os desafios da transição energética e da construção sustentável e digital. Este rebranding teve como objetivo traduzir a força, o dinamismo e a confiança que a associação quer continuar a transmitir, mas também uma mudança para continuar a representar, valorizar e fortalecer o setor rumo a um futuro promissor. Durante a sessão foi recordado o percurso da ANFAJE desde a sua constituição, destacando o papel determinante que tem desempenhado na representação e defesa dos interesses das empresas e na promoção das janelas, portas e fachadas eficientes, em Portugal, tornando o setor mais forte, unido, qualificado e reconhecido. O presidente da ANFAJE, João Ferreira Gomes, sublinhou que o rebranding marca “o início de uma nova fase, mais aberta à inovação, à digitalização e à sustentabilidade”, reforçando a missão da associação em contribuir para um parque edificado mais eficiente, confortável e sustentável. “Mais do que um setor, representamos um propósito. Juntos, fazemos mais do que janelas, portas e fachadas. Fazemos a diferença. Queremos unir para crescer. Inovar para liderar. Representar com propósito. Juntos, damos valor ao que produzimos. E futuro ao que construímos. Mais do que representar, impulsionamos quem faz a diferença”, concluiu o presidente da associação. A apresentação terminou com um momento de convívio entre os participantes, simbolizando a união e o compromisso de todos em continuar a valorizar o setor e a afirmar a ANFAJE como a porta-voz de referência nacional na representação do setor. Vitrum 2025 reforça posição como plataforma global da indústria do vidro A Vitrum 2025 reuniu em Milão cerca de 200 expositores e mais de 6.800 visitantes profissionais, dos quais 55% internacionais, consolidando-se como uma das principais feiras mundiais dedicadas à maquinaria e tecnologia para o processamento do vidro. A organização anunciou já as datas da próxima edição - 16 a 19 de novembro de 2027, na Fiera Milano - e destacou a aposta em inovação, sustentabilidade e formação técnica como motores de crescimento da indústria. Com mais de 6.800 visitantes profissionais, dos quais 55% internacionais, e cerca de 200 expositores reunidos em Milão, a Vitrum 2025 consolidou a sua relevância como uma das principais feiras mundiais dedicadas à maquinaria, equipamentos e tecnologias para o processamento do vidro. O evento, promovido pela GIMAV, destacou-se pela nova abordagem centrada na cadeia de valor e já prepara a edição de 2027 Leia, na próxima edição, a entrevista dedicada às premissas da nova identidade da ANFAJE.

8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.NOVOPERFIL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Deloitte revela o panorama da construção Tensão geopolítica abranda setor da construção em 2024, mas prevê-se ritmo de crescimento de 5,5% ao ano até 2030, segundo o relatório 'Global Powers of Construction 2024' (GPoC) da Deloitte. Fotografia de EJ Yao, Unsplash. OA distingue nove personalidades com título de Membro Honorário A Ordem dos Arquitectos distinguiu nove novos Membros Honorários, entre personalidades e instituições que se destacaram pela defesa, promoção e valorização da arquitetura em Portugal. A Ordem dos Arquitectos (OA) distinguiu nove novos Membros Honorários, reconhecendo o contributo excecional de oito personalidades e uma instituição para a valorização e promoção da arquitetura em Portugal. A cerimónia teve lugar a 29 de outubro, na sede nacional da OA, em Lisboa, e marcou o encerramento das celebrações do Mês da Arquitetura, que integra o Dia Mundial da Arquitetura. Os títulos, atribuídos por proposta do Conselho Diretivo Nacional e dos sete Conselhos Diretivos Regionais, distinguem percursos que se destacam pela sua relevância cultural, científica e profissional. Entre os distinguidos encontra-se José Manuel Castanheira, arquiteto, cenógrafo e pintor, cuja carreira de mais de quatro décadas se distingue pela fusão entre arquitetura, artes plásticas, cenografia e museologia. Castanheira conta com mais de 300 cenografias realizadas em 15 países, tendo colaborado com instituições de renome como a Fundação Calouste Gulbenkian, o Centre Georges Pompidou (Paris) e o Museu Extremeño Ibero-Americano de Arte Contemporânea (Espanha). Também distinguida pelo Conselho Diretivo Nacional foi Ana Isabel de Melo Ribeiro, historiadora e autora da obra 'Arquitetos Portugueses: 90 anos de vida associativa', pela qual se destacou na valorização e divulgação da história da profissão em Portugal. A OA reconhece o papel essencial da sua investigação na preservação da memória e identidade dos arquitetos portugueses, contribuindo para consolidar o legado e o papel social da arquitetura no país. As cem maiores empresas globais do setor de construção geraram em 2024 vendas totais de 1.978 mil milhões de dólares. Mais de metade desta receita conjunta (51,2%) tem origem em empresas chinesas, seguidas da Europa (22%), Japão (9,1%), Estados Unidos (8,8%) e Coreia do Sul (4,7%). O ranking consta do relatório 'Global Powers of Construction 2024' (GPoC) da Deloitte, que analisa e acompanha há vários anos o setor da construção a nível global e classifica as principais empresas de construção cotadas na bolsa, olhando para as suas estratégias e dinâmicas de crescimento. Em comparação com o ano anterior, a receita total obtida pelas 100 empresas do ranking desceu ligeiramente (uma quebra de 1%). Por outro lado, a distribuição manteve-se relativamente estável, embora se registe uma diminuição de 5% nas receitas em dólares americanos obtidas pelas empresas chinesas, bem como um aumento nas outras áreas geográficas relevantes. A Mota-Engil, única empresa portuguesa a figurar no Top 100, sobe para o lugar 52, após ter ocupado no ano anterior a posição 71. A construtora portuguesa atingiu, em 2024, um volume total de vendas de 6.439 milhões de dólares e uma capitalização bolsista de 925 milhões de dólares.

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10 PERFIL XXXX 13ª Conferência Passivhaus Portugal bate recorde de participação A conferência, que decorreu nos dias 21 a 23 de outubro, recebeu mais de 530 participantes, um número que representa um crescimento de 20% face à edição anterior. A 13.ª Conferência Passivhaus Portugal, realizada entre 21 e 23 de outubro, no Centro de Congressos de Aveiro, confirmou a vitalidade e o crescente interesse pelo padrão Passive House em território nacional. O evento reuniu mais de 530 participantes, um aumento de 20% face à edição anterior, consolidando-se como o principal ponto de encontro nacional dedicado à construção eficiente e sustentável. Durante dois dias de conferência e um dia de visitas técnicas, projetistas, arquitetos, engenheiros, instaladores, empresas e instituições públicas partilharam experiências, projetos e soluções em torno de um objetivo comum: promover edifícios mais confortáveis, energeticamente eficientes e preparados para o futuro. Com 68 apresentações técnicas e 69 parceiros expositores, a conferência

11 PERFIL apenas por edifícios eficientes, mas também por modelos de gestão colaborativa e integrada entre utilizadores e produtores locais. A EXPERIÊNCIA DE VIVER NUMA PASSIVE HOUSE O segundo painel deu voz a quem vive diariamente numa Passive House, oferecendo um testemunho direto sobre o impacto no conforto e nas despesas energéticas. Inês Falcão (Danosa) destacou o isolamento acústico: “a sede da Danosa está junto à linha do comboio. Antes, o ruído era constante. Hoje, o barulho simplesmente desapareceu”. Já Joana Cortinhas, residente numa habitação certificada, sublinhou os ganhos económicos e de conforto térmico: “somos duas pessoas. No verão pagamos cerca de 20 euros de eletricidade e, no inverno, 28 euros”. Os participantes destacaram a qualidade do ar interior, a ausência de humidade e a estabilidade térmica como benefícios tangíveis de uma construção que alia eficiência e bem-estar. HABITAÇÃO SOCIAL E SUSTENTABILIDADE: O EXEMPLO DE NAVARRA A terceira sessão levou os participantes até Navarra (Espanha), com Maitane Zazu, da Nasuvinsa, a apresentar um caso de sucesso na aplicação do padrão Passive House à habitação social. O projeto mostrou como a eficiência energética pode ser integrada em edifícios públicos, elevando o padrão de conforto e reduzindo custos operacionais. Carl Halbach, do International Passive House Association (iPHA), reforçou a importância das Passive Houses sociais como motores de comunidades mais sustentáveis, defendendo que “conforto e eficiência não são luxos, mas necessidades acessíveis com as decisões certas”. FORMAR PARA CONSTRUIR MELHOR O último painel focou-se no processo construtivo e na qualificação profissional. Vítor Marques (CRPRO) apresentou o primeiro edifício multifamiliar em Portugal com ambição de certificação Passive House, destacando que o sucesso começa na fase de projeto: “a Passive House obriga a pensar a construção desde o início com detalhe e rigor”. Ao seu lado, Jorge Alves (ConceitBase), Nuno Pereira (NunInstalldecor), Sofia Almeida (TUU) e David Rupino (Ordem dos Arquitetos - Secção Regional do Centro) alertaram para a escassez de mão de obra qualificada e defenderam a formação contínua de todos os intervenientes, do arquiteto ao instalador. A mensagem final foi clara: “formar para construir melhor”. O Passive House Center foi reconhecido como um agente essencial para colmatar lacunas e reforçar a qualidade no setor. VISITAS TÉCNICAS CONSOLIDAM O SUCESSO DA EDIÇÃO Pela primeira vez, a conferência incluiu um terceiro dia dedicado exclusivamente a visitas guiadas a Passive Houses. Foram realizadas 14 visitas a sete edifícios, acompanhadas pelos respetivos projetistas certificados, com quase 100 participantes e a maioria das sessões esgotadas. A oportunidade de ver no terreno as soluções apresentadas confirmou a dimensão prática e inspiradora do evento. A próxima edição da Conferência Passivhaus Portugal já tem data confirmada: 20, 21 e 22 de outubro de 2026, novamente em Aveiro e com novas visitas a edifícios Passive House. n foi palco de debates estratégicos e de casos práticos que mostram como o conceito Passive House está a transformar o modo de construir em Portugal. EFICIÊNCIA E RESILIÊNCIA ENERGÉTICA EM DEBATE A sessão de abertura colocou em destaque a resiliência da rede elétrica e o papel dos edifícios na transição energética. Marta Panão (FCUL), Joaquim Guedes (Ecoinside) e João Gavião (Homegrid) abordaram o impacto do padrão Passive House num contexto de produção renovável descentralizada e instabilidade da rede, sublinhando que a eficiência energética dos edifícios é uma peça-chave para garantir estabilidade e sustentabilidade. Duas ideias dominaram a discussão: partilha e comunidade. Foi reforçado que o futuro da energia passa não

12 PERFIL FEIRA Tektónica 2026: uma edição de peso com foco na inovação e no mercado da construção A Tektónica – Feira Internacional da Construção e Obras Públicas, liderada pela FIL / Fundação AIP, regressa em 2026 como ponto de convergência para o setor da construção em Portugal. A próxima edição terá lugar de 23 a 25 de abril, no recinto da FIL, e promete consolidar o evento como plataforma de negócios, networking e inovação para profissionais, empresas e público interessado. A Tektónica posiciona-se como ‘marketplace do setor da construção’, com especial atenção ao lançamento de produtos, à inovação tecnológica e ao cruzamento entre oferta e procura. Os visitantes esperados incluem arquitetos, engenheiros, empresas de construção civil, distribuidores de materiais, projetistas, promotores imobiliários e técnicos especializados, bem como público profissional com interesse no setor. Quanto aos temas que estiveram em foco na edição de 2025 — e que serão reforçados em 2026 — destacam-se a eficiência energética, materiais inovadores, novas tecnologias construtivas, sustentabilidade, digitalização e o uso de processos construtivos modulares e off-site. DATAS, HORÁRIO E ESPAÇO A feira decorrerá entre os dias 23 e 25 de abril de 2026, com horário previsto das 10h00 às 19h00. A organização já disponibilizou espaço para expositores e bilhetes profissionais. A feira volta a realizar-se em simultâneo com o SIL – Salão Imobiliário de Portugal, reforçando sinergias com o setor imobiliário. BALANÇO DA EDIÇÃO DE 2025 A edição de 2025 encerrou com resultados notavelmente positivos, reforçando a posição da Tektónica como evento

13 PERFIL de referência no setor: • Participação de cerca de 400 expositores, dos quais cerca de 15% internacionais; • Área total ocupada superior a 30.000 m2 (em 3 pavilhões) e uma ocupação ainda maior em conjunto com o SIL, atingindo mais de 45.000 m2 de área total de exposição; • Aproximadamente 33.500 visitantes entre profissionais e público geral, o que demonstra forte mobilização e interesse pelo evento; • Satisfação muito elevada entre profissionais: - 99,5% afirmaram que a feira correspondeu às expectativas; - 98,8% consideraram que contribui para a projeção e crescimento económico do setor; - 100% recomendariam a visita a outros profissionais; - 99,4% manifestaram intenção de voltar à próxima edição. • A organização destacou a inovação como tema transversal a todos os setores representados, e o evento deu visibilidade a produtos, soluções e equipamentos diferenciadores; • Na cerimónia do Prémio Tektónica Inovação foram recebidas mais de 40 candidaturas, com atribuição de nove prémios e duas menções honrosas. Entre os premiados, destacam-se empresas como Jeremias (Genius Ekkoair em eficiência energética), Pretensa (sistema Resisto 5.9 e válvula mecânica de corte), Daikin Portugal (Daikin Cloud Service Residencial), Standard Hidráulica (Top Fix System), Revigrés (Tech 3D) e Secil (tecnologia Bewarm). Este balanço sólido reforça a credibilidade da Tektónica como plataforma de referência para o mercado da construção em Portugal. EXPECTATIVAS E APOSTAS PARA 2026 Para a edição de 2026 espera-se uma continuidade e ampliação das tendências que se afirmaram em 2025: maior presença internacional, investimentos em inovação, digitalização e construção sustentável. A Tektónica pretende manter o seu papel central como palco de lançamento de soluções e de encontro entre oferta e procura no setor. Os organizadores também apostam em experiências complementares como conferências, workshops técnicos, áreas de demonstração in loco e fortalecimento do espaço ‘Prémio Inovação’, mantendo a feira como polo de diálogo entre empresas, entidades públicas e sociedade. n

14 PERFIL EVENTOS Arquitect@Work Lisbon 2025: descarbonizar a arquitetura, inspirar a construção Eficiência, design e descarbonização são as palavras de ordem no Arquitect@Work Lisbon 2025. A mostra profissional, que decorre a 3 e 4 de dezembro na FIL, coloca no centro do debate as tecnologias que estão a redefinir a envolvente dos edifícios - das fachadas inteligentes às janelas que reduzem a pegada energética. Nos dias 3 e 4 de dezembro de 2025, o Pavilhão da FIL, em Lisboa, volta a receber o Arquitect@Work Lisbon, um evento de referência internacional dedicado à inovação em arquitetura e design. Com um formato exclusivo, a iniciativa reúne marcas, prescritores e decisores do setor da construção que procuram soluções técnicas e estéticas para os edifícios do futuro. Este ano, o tema central – ‘Descarbonizando a Arquitetura’ - lança o debate sobre a necessidade de reduzir a pegada ambiental dos edifícios ao longo de todo o seu ciclo de vida. O foco estará na eficiência energética, na utilização de materiais sustentáveis, no design passivo e nas tecnologias que promovem uma construção mais verde. INOVAÇÃO EM JANELAS E FACHADAS NO CENTRO DAS ATENÇÕES A edição de 2025 promete ser particularmente relevante para os profissionais ligados ao universo das janelas, fachadas e sistemas de envolvente do edifício, segmentos onde a inovação tem um impacto direto na eficiência térmica, acústica e energética. Serão apresentadas novas soluções de caixilharia de alto desempenho, vidros técnicos de controlo solar, sombreamentos inteligentes e sistemas de fachada ventilada - áreas onde a indústria tem investido fortemente em I&D para responder às metas europeias de descarbonização e ao novo quadro regulatório energético. Com uma curadoria técnica rigorosa, cada produto exposto foi selecionado por um júri de arquitetos e designers, garantindo que apenas as soluções mais inovadoras e relevantes marcam presença no certame. O ambiente de networking - com zonas lounge, seminários temáticos e áreas de exposição compactas e funcionais - incentiva o contacto direto entre fabricantes e profissionais de projeto. UM ESPAÇO PARA APRENDER E INSPIRAR Além da mostra de produtos, o programa integra conferências e talks sobre sustentabilidade, materiais de baixo impacto, novas tecnologias e digitalização da construção. Especialistas nacionais e internacionais abordarão casos práticos e estratégias que estão a transformar o setor, com particular enfoque na envolvente de edifícios e na reabilitação energética do parque edificado europeu. UM PONTO DE ENCONTRO PARA PROFISSIONAIS EXIGENTES Destinado a arquitetos, designers de interiores, engenheiros, consultores técnicos e fabricantes, o Arquitect@ Work Lisbon é hoje um palco incontornável para quem quer antecipar tendências, estabelecer parcerias e reforçar a presença num mercado em profunda transformação. n A revista Novoperfil, publicação especializada nas áreas da Envolvente do Edifício (janelas, portas, fachadas e proteção solar), e a revista O Instalador, publicação especializada em AVAC, edifícios e renováveis, são Media Partners oficiais do evento, reforçando o seu compromisso em divulgar as principais inovações e boas práticas do setor. C M Y CM MY CY CMY K

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16 PERFIL EVENTOS Sustentabilidade e digitalização em debate no Congresso ASEFAVE 2025 O II Congresso Internacional da Janela, Fachada e Proteção Solar, dinamizado pela ASEFAVE, realizou-se a 13 e 14 de novembro, reunindo em Madrid fabricantes, arquitetos e especialistas para debater o futuro sustentável e digital do setor da construção. A Associação Espanhola de Fabricantes de Fachadas Ligeiras e Janelas (ASEFAVE) realiza a segunda edição do seu congresso internacional nos dias 13 e 14 de novembro de 2025. O congresso foi organizado pela Novoperfil em Espanha, com o apoio técnico da Fakoy. Em foco estiveram as temáticas da sustentabilidade e da digitalização no âmbito dos sistemas de janelas, fachadas e proteção solar. O local escolhido para o evento foi o Estádio Riyadh Air Metropolitano, em Madrid, que se transformou num dos palcos mais importantes da indústria de caixilharias e fachadas de edifícios. PÚBLICO-ALVO E PARTICIPANTES Destinado a fabricantes de janelas e fachadas leves, construtoras, arquitetos, engenheiros, instaladores, fornecedores de componentes e profissionais envolvidos na cadeia de valor da construção, o congresso reuniu especialistas das áreas técnica, normativa e comercial. Estiveram presentes representantes da indústria, autoridades regulatórias, centros de investigação e organizações focadas em eficiência energética, sustentabilidade e inovação digital no setor da edificação. TEMAS CENTRAIS E OBJETIVOS O Congresso ASEFAVE 2025 centrou o debate em quatro eixos estratégicos: 1. Sustentabilidade e descarbonização das envolventes do edifício, com especial atenção à norma OCE ('Objetivos de Construção Eficiente'). 2. Novas regulamentações e desafios normativos que afetam janelas, fachadas e sistemas de proteção solar. 3. Formação técnica, qualificação profissional e adaptação dos recursos humanos para acompanhar a transformação digital da indústria. 4. Tendências de inovação tecnológica, industrialização e digitalização (BIM, indústria 4.0, materiais inteligentes) no setor de cerramentos e proteção solar. A iniciativa surge num momento em que o setor da construção enfrenta desafios crescentes em matéria de eficiência energética, circularidade de materiais e integração de sistemas avançados de envolvente. O Congresso ASEFAVE pretende servir como plataforma de networking, benchmarking e partilha de boas práticas, oferecendo também sessões técnicas, mesas-redondas e espaço de exposição para novas soluções. n 13-14 DE NOVIEMBRE 2025 ESTADIO RIYADH AIR METROPOLITANO (MADRID) DE LA VENTANA, LA FACHADA Y LA PROTECCIÓN SOLAR II Congreso Internacional www.congresoasefave.com

1 www.aluplast.net neo advance – a classe extra 1) Com vidro triplo standard, Ug = 0,6 W/m²K e Psi = 0,040 W/mK 2) Com vidro triplo, Ug = 0,4 W/m²K e Psi = 0,030 W/mK *opcional * * * Profundidade de 85 mm. Compatível com a plataforma neo. Combina design e funcionalidade. Sistema combinado de vedação dupla e tripla. Com o neo advance, a nossa plataforma neo assume uma nova dimensão: uma linha de design não só tecnicamente impressionante, mas também emocionalmente inspiradora. Desenvolvida para satisfazer as elevadas exigências dos fabricantes de janelas, arquitetos e distribuidores especializados, estabelece novos padrões em termos de flexibilidade, eficiência e estética. Um diferencial fundamental: o neo advance integra-se perfeitamente na plataforma existente. Soluções multissistema, como opções de janelas de correr e de abrir, além de perfis complementares compatíveis, abrem possibilidades de design totalmente novas, proporcionando máxima liberdade no planeamento e na execução. • Uf = 1,00 W/m²K • Uw = 0,83 W/m²K1) • Uw = 0,59 W/m²K melhor variante possível • woodec e aludec como superfícies standard • Proteção contra roubo até RC2

18 PERFIL EVENTOS Barcelona, epicentro da arquitetura mundial em 2026 Barcelona vai ser a Capital Mundial da Arquitetura 2026, um evento internacional que vai encher a cidade de atividades relacionadas com o futuro desta disciplina, mas, acima de tudo, vai ser a ocasião ideal para descobrir o vasto património local. O programa conta com mais de 200 propostas que se traduzirão em mais de 1.500 atividades, incluindo exposições, visitas guiadas, conferências e debates, workshops, jornadas de portas abertas e concursos, entre outras, desenvolvidas nos dez distritos da cidade, com a colaboração de um total de 170 entidades. De Santa Eulàlia (12 de fevereiro) a Santa Llúcia (13 de dezembro), Barcelona tornar-se-á o epicentro da arquitetura mundial, num fórum global de arquitetura, urbanismo e paisagismo que irá liderar o debate em torno dessas disciplinas com o objetivo de desenvolver soluções que beneficiem as gerações futuras. Além disso, a capital catalã também irá acolher o Congresso Mundial de Arquitetura da União Internacional de Arquitetos (UIA), um encontro de profissionais do setor que se realiza de 28 de junho a 2 de julho. Foto de grupo dos representantes institucionais na apresentação do programa Barcelona Capital Mundial da Arquitetura 2026.

19 PERFIL EVENTOS Além de reconectar os cidadãos com a arquitetura e consciencializá-los sobre a importância que ela tem na vida quotidiana, a Capital Mundial da Arquitetura pretende deixar um legado que se materializará numa maquete de Barcelona em grande escala e na reabilitação das paredes divisórias de dez edifícios da cidade, fruto de um concurso internacional promovido pelo Ayuntamiento de Barcelona que, além de enriquecer a paisagem urbana, melhorará as condições de vida da população. A Generalitat da Catalunha também participará do programa por meio de diferentes atividades na cidade e, muito especialmente, daquelas que farão parte do Ano Gaudí, por ser ele o arquiteto de referência mundial que tem em Barcelona as suas obras mais emblemáticas. Para impulsionar este evento cultural, a Capital Mundial da Arquitetura conta com um orçamento de 11 milhões de euros, um montante contribuído de forma equitativa entre a Câmara Municipal de Barcelona, a Generalitat da Catalunha e o Ministério da Habitação e Agenda Urbana do Governo Espanhol. Durante a apresentação do programa, o presidente do Ayuntamiento de Barcelona, Jaume Collboni, destacou o ecossistema urbano e afirmou que a Capital Mundial da Arquitetura será um bom momento para que os cidaA CAPITAL MUNDIAL DA ARQUITETURA EM NÚMEROS • Mais de 300 dias: de 12 de fevereiro a 13 de dezembro de 2026, Barcelona tornar-se-á a Capital Mundial da Arquitetura. • 77 espaços: centros cívicos e culturais, museus, mercados, bibliotecas, praças e ruas dos dez distritos da cidade receberão uma programação concebida graças a um concurso público promovido pela Câmara Municipal. • Mais de 200 propostas que se traduzirão em mais de 1.500 atividades: a programação é pensada para todos os públicos - geral, profissional e escolar - e, por enquanto, inclui estas atividades, entre outras: - 54 exposições + atividades complementares; - 268 percursos e visitas guiadas; - 185 ciclos de conferências e debates; - 735 workshops; - 41 eventos de cultura contemporânea; - 85 eventos da cidade e festas populares nos bairros. • Orçamento de mais de 11 milhões de euros: uma contribuição equitativa entre o Ayuntamiento de Barcelona, a Generalitat da Catalunha e o Ministério da Habitação e Agenda Urbana. dãos “coloquem os óculos de arquiteto e urbanista para ver o que se passa na sua cidade e valorizar a importância de fazer um urbanismo transformador e que garanta o direito na cidade, o direito a ter uma habitação, uma mobilidade sustentável e infraestruturas resilientes às alterações climáticas”. Por sua vez, a conselheira de Território, Habitação e Transição Ecológica, Sílvia Paneque, afirmou que o projeto “constrói e dá origem a uma cidadania mais envolvida e exigente na construção de um espaço público mais digno e melhor para viver”. Já o secretário-geral da Agenda Urbana e Arquitetura, Iñaqui Carnicero, sublinhou que a designação de Barcelona como Capital Mundial da Arquitetura “é uma oportunidade extraordinária para valorizar o grande potencial da arquitetura como ferramenta estratégica para a transformação das nossas cidades, melhorar a vida das pessoas, enfrentar os grandes desafios do nosso tempo, como as alterações climáticas, e avançar para cidades mais justas, sustentáveis e resilientes”. n Durante dez meses, a cidade irá viver um amplo programa de atividades e prestará homenagem aos arquitetos mais famosos

20 PERFIL PASSAPORTE DIGITAL DO PRODUTO Indústria nacional posiciona-se como referência europeia na aplicação do DPP Lisboa acolheu no dia 16 de outubro o Digital Product Passport Summit, um encontro promovido pelo GreenTech Lab, a test bed nacional da Aliados Consulting, com o objetivo de “posicionar Portugal na liderança europeia da implementação do Passaporte Digital do Produto”. Gabriela Costa

21 PERFIL PASSAPORTE DIGITAL DO PRODUTO O Passaporte Digital do Produto (DPP, na sigla em inglês) é um documento digital que contém um conjunto de dados específicos sobre um produto ou material, incluindo a sua origem, composição, pegada de carbono e reciclabilidade, entre outros. A iniciativa faz parte do Regulamento de Ecodesign para Produtos Sustentáveis (ESPR), sendo também uma das principais medidas do Plano de Ação para a Economia Circular (CEAP) da União Europeia (UE). O Regulamento de Ecodesign para Produtos Sustentáveis, que substitui a Diretiva de Ecodesign 2009/125/EC, entrou em vigor no dia 18 de julho de 2024, sendo aplicável 24 meses após essa data. O ESPR estabelece requisitos de conceção ecológica para grupos de produtos específicos, com o objetivo de os tornar mais eficientes a nível energético e de recursos, tal como na Diretiva de 2009, mas também mais duradouros, fiáveis, reutilizáveis, atualizáveis, reparáveis, recicláveis e fáceis de manter. Esta legislação-quadro para produtos sustentáveis determina regras próprias para cada produto, que serão decididas ao longo do tempo, produto a produto, ou horizontalmente, com base em grupos de produtos com características semelhantes. A Comissão Europeia estabelecerá requisitos de conceção ecológica através de atos delegados, sempre que novos tipos de produtos ou tecnologias assim o exijam, e as empresas terão 18 meses para os cumprir. O regulamento visa também acabar com a destruição de produtos de consumo não vendidos, e as grandes empresas estarão obrigadas a declarar a quantidade de produtos de consumo não vendidos que são descartados a cada ano e as razões pelas quais o fazem. Entre os primeiros produtos abrangidos pelo ESPR estão o alumínio, aço, ferro, produtos eletrónicos e relacionados com energia, baterias e pilhas, produtos químicos, lubrificantes, pneus, tintas, detergentes e têxteis. Produtos de construção e plásticos também serão fortemente abrangidos. INTEGRAR ECOEFETIVIDADE COM ECOEFICIÊNCIA O Passaporte Digital do Produto opera com base num identificador digital único associado a cada produto, lote ou modelo, como um código QR ou outra tecnologia similar. Ao ser lido com recurso a um dispositivo eletrónico, o identificador digital único presente fisicamente no produto direcionará o utilizador para uma plataforma onde encontrará uma ampla gama de informações sobre o produto que está a analisar. Este passaporte é um requisito obrigatório já em 2026. Como referido, a partir do próximo ano, e de forma progressiva, esta exigência regulatória far-se-á sentir em múltiplos setores, afirmando-se como “um mecanismo que traz transparência, rastreabilidade e competitividade às cadeias de valor”, defende a organização do DPP Summit. Mas quais são os benefícios dos DPP para as organizações empresariais? E quais serão os maiores obstáculos à sua implementação? Através do GreenTech Lab, a Aliados Consulting apoia as empresas dos vários setores da indústria nacional na transição para o Passaporte Digital do Produto e cumprimento das exigências regulatórias europeias. Para tanto, lançou oficialmente no evento que reuniu no hotel Myriad by SANA Hotels, em Lisboa, dezenas de empresários, diretores de sustentabilidade, inovação e produto, gestores de transição ecológica e digital, entidades públicas, clusters e centros tecnológicos, duas ferramentas “pioneiras no contexto nacional”: a Plataforma Digital para o Passaporte de Produto, “a primeira solução nacional com aplicação multissetorial, desenvolvida em alinhamento com os requisitos da UE”, que se prepara para tornar obrigatória esta ferramenta em vários setores até 2030; e a Plataforma Carbonatzero, concebida para “calcular a pegada de carbono de organizações, com base em metodologias internacionalmente reconhecidas”, como o GHG Protocol e a norma ISO 14067.

22 PERFIL PASSAPORTE DIGITAL DO PRODUTO Como sublinhou João Pedro Pinto, partner da Aliados Consulting, “o Digital Product Passport é um dos instrumentos mais transformadores da política europeia de sustentabilidade. Com estas ferramentas pioneiras, Portugal dá um passo decisivo para se posicionar como referência europeia na aplicação prática do DPP, apoiando as empresas a cumprir os requisitos europeus e a transformar desafios em oportunidades de inovação e competitividade”. O encontro incluiu dois painéis de debate dedicados ao ‘Ecodesign e Inovação de Produto’ e à ‘Medição e Comunicação do Impacto Ambiental’, moderados pelo BCSD Portugal, e que contaram com a participação de representantes da Sonae MC, Silvex, Instituto Politécnico de Setúbal, Vigobloco, 3XP Global e IAPMEI. Na perspetiva de Fernando Cunha, do IP Setúbal, a indústria portuguesa tem-se preparado muito bem para a transição digital e a Academia tem cumprido o seu papel de validação dos dados. O problema hoje é que é preciso “integrar a ecoefetividade com a ecoeficiência”, ao mesmo tempo que se garante “a verificação da resistência” dos materiais. “Escolher o material saudável, a energia adequada e a resiliência é fundamental para que os ecossistemas se possam manter, mesmo perante os problemas de abastecimento”, advoga o docente. Natércia Garrido, da Silvex, defende que o DPP constitui uma “oportunidade para desmistificar a corrente anti-plástico e combater o greenwashing”, permitindo “avaliar o impacto do fim de vida” de cada produto. Para a especialista, que iniciou a sua carreira na área da extrusão de filme e é defensora da reciclagem há largos anos, os principais desafios no setor do plástico são a qualidade do material reciclado e a sua disponibilidade, o que afeta a competitividade e requer “uma estratégia comunitária comum”. Recordando que “no material virgem a pegada ecológica é 20 vezes superior”, a responsável da Silvex concluiu que “é preciso reciclar em quantidade e em qualidade”. A incorporação do ecodesign nos produtos da Sonae MC é “um conceito muito disseminado na empresa”, garante Marlos Silva. Segundo o responsável, nos últimos seis anos os produtos de marca própria da Sonae, na área alimentar, têm sofrido transformações INFORMAÇÕES GENÉRICAS A INCLUIR NOS DPP A atual proposta do ESPR considera como as informações genéricas a serem incluídas em todos os Passaportes Digitais de Produto: • Durabilidade • Confiabilidade • Reutilização • Capacidade de atualização • Possibilidade de reparação • Manutenção e remodelação • Presença de substâncias preocupantes • Eficiência energética • Eficiência de Recursos • Componentes reciclados • Remanufatura e reciclagem • Recuperação de materiais • Impactos ambientais – pegada de carbono • Produção expectável de resíduos. sucessivas para integrar materiais mais ecológicos e sustentáveis, um processo que se realiza “com muita parceria com a Academia” e numa lógica em que “as decisões são tomadas com base no menor impacto ambiental” dos materiais utilizados, estratégia que complementa a tecnicidade dos processos. Em conclusão, e nas palavras de Fernando Cunha, a estrutura que está implementada produz “zero eficiência, porque temos um único fluxo” que gera “uma falsa sustentabilidade”. Pelo que o futuro tem de passar por “transições reais e contrárias à ideia de que o ciclo fechado de materiais é que é bom”. Transição digital, sustentabilidade e ecodesign “são temas multidisciplinares” e “que devem ser tratados nos programas curriculares”, sublinhou ainda o professor. Fica o desafio, num contexto de mudança em que a preparação de Portugal para o Passaporte Digital do Produto requer, simultaneamente, inovação tecnológica, capacitação dos recursos humanos e uma relação direta entre a indústria e a academia. n

CHIC 100 As dobradiças ocultas Giesse CHIC 100 superam as 1000 horas de resistência à névoa salina*. Mais do que o dobro do grau máximo certificável de acordo com a norma EN 1670 (grau 5, 480 horas). Um resultado extraordinário, possível graças ao tratamento exclusivo ShieldMax5 da Giesse. A proteção invisível, concebida para durar mesmo nas condições climáticas mais adversas. *Testado internamente nos laboratórios da Giesse de acordo com a norma EN 1670. Giesse Group Iberia S.A.U. Constitución 84, Polígono Industrial Les Grases, 08980 Sant Feliu de Llobregat (Barcelona) – España info.es@quanex.com | quanex.com | giesse.it

24 PERFIL JANELAS DO FUTURO As janelas do futuro O conceito de janela evoluiu muito além da sua função tradicional de iluminar e ventilar. Hoje, é um elemento central da arquitetura sustentável e do conforto habitacional. Na Multi Windows, fabricante de janelas eficientes, acreditamos que as janelas do futuro refletem um novo paradigma. São produtos inteligentes, fabricados com consciência ambiental e desenhados para responder aos desafios de um mundo em constante transformação. Multi Windows A sustentabilidade assume para nós um papel principal. A escolha de materiais recicláveis, a redução do desperdício no fabrico e a durabilidade prolongada dos caixilhos traduzem-se em menor impacto ambiental e maior eficiência energética. As janelas deixam de ser simples componentes e passam a ser parte ativa do equilíbrio térmico da habitação, reduzindo consumos e emissões. Em cada projeto, procuramos que todos os detalhes, desde a seleção dos perfis até às ferragens, sejam pensados para minimizar perdas energéticas e maximizar o desempenho ao longo de décadas. Dentro desta visão, a economia circular é um compromisso inevitável. Reconsideramos o ciclo de vida de cada produto, aproveitando perfis de alumínio ou PVC, reprocessando vidros e reintegrando resíduos na cadeia produtiva. Desenhamos as nossas janelas não apenas para durar, mas também para renascer. Este é um passo decisivo rumo à construção sustentável. A lógica circular aplica-se também à manutenção e à substituição: desenvolvemos componentes modulares que permitem reparações rápidas e prolongam o ciclo de vida útil, reduzindo o desperdício e valorizando o investimento inicial. A inovação tecnológica dá outro salto com os vidros inteligentes. Estes sistemas ajustam a opacidade ou a transmissão solar consoante a luminosidade exterior, garantindo conforto térmico e privacidade sem sacrificar a estética. Alguns modelos integram sensores que comunicam com sistemas domóticos, regulando automaticamente a luz, a ventilação e até o aquecimento interior. Acreditamos que estas soluções transformam o vidro num elemento ativo de gestão energética, reduzindo a dependência de climatização artificial e promovendo um ambiente mais equilibrado e saudável. Por fim, a Indústria 4.0 revoluciona o modo como criamos as nossas soluções. A automação, a robótica e o controlo digital permitem-nos fabricar janelas personalizadas com precisão milimétrica, reduzindo prazos de entrega e aumentando a eficiência produtiva. É a união perfeita entre tecnologia e manufatura moderna, onde a qualidade é constante e o erro praticamente eliminado. A digitalização dos processos de fabrico e montagem também melhora a rastreabilidade e o controlo de qualidade, permitindo um acompanhamento rigoroso desde o projeto até à instalação. Na Multi Windows, acreditamos que as janelas do futuro são o reflexo de uma nova forma de habitar: mais inteligente, mais sustentável e mais humana. Representam a harmonia entre inovação e responsabilidade, entre o conforto individual e o compromisso coletivo com o planeta. n

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JANELAS DO FUTURO | OPINIÃO 26 PERFIL Da IoT à autossuficiência: como as janelas estão a redefinir a construção João Ferreira Gomes, presidente da ANFAJE O setor das janelas, portas e fachadas está a atravessar uma das transformações mais significativas das últimas décadas. A janela deixou de ser um simples produto construtivo que separa o interior do exterior, para se tornar um elemento tecnológico essencial para termos edifícios mais eficientes, sustentáveis e inteligentes. E a sua evolução tem de acompanhar as grandes tendências da construção e da própria sociedade: conforto, digitalização, eficiência energética, e cada vez mais, autossuficiência. A integração da Internet das Coisas (IoT) está a abrir um novo capítulo na forma como interagimos com os edifícios. As janelas inteligentes já são uma realidade — equipadas com sensores de temperatura, humidade, qualidade do ar e luminosidade, e capazes de comunicar com sistemas de ventilação e climatização. Estas soluções permitem otimizar o desempenho energético em tempo real, reduzir desperdícios e melhorar o conforto térmico e acústico dos ocupantes dos edifícios. Mas embora esta inovação tecnológica seja importante, o que está realmente em causa é a possibilidade de não se desperdiçar energia. Num contexto em que o aquecimento e arrefecimento das habitações e dos escritórios representam parcelas significativas das faturas energéticas, a janela passa a ser um aliado ativo na gestão inteligente do consumo de energia, contribuindo para edifícios mais eficientes e sustentáveis. A sustentabilidade é, aliás, o atual denominador comum de todas as transformações do setor. O ciclo de vida dos produtos, a escolha de materiais recicláveis e de baixo impacto ambiental, a durabilidade e a capacidade de manutenção são hoje critérios fundamentais aquando do início de um projeto arquitetónico. As janelas eficientes não só reduzem os ganhos e as perdas térmicas e as emissões de CO₂, como também aumentam a qualidade de vida e o valor patrimonial dos edifícios. O setor tem vindo a investir fortemente em inovação e certificações da qualidade e ambientais, respondendo positivamente à exigência crescente da regulamentação e à necessidade de cumprir as metas nacionais e europeias de descarbonização. Mas o futuro vai ainda mais longe. Caminhamos para a autossuficiência energética dos edifícios (o conceito ZEB), onde as janelas podem desempenhar um papel relevante. A investigação já permite desenvolver vidros fotovoltaiA janela passa a ser um aliado ativo na gestão inteligente do consumo de energia, contribuindo para edifícios mais eficientes e sustentáveis

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