11 PERFIL apenas por edifícios eficientes, mas também por modelos de gestão colaborativa e integrada entre utilizadores e produtores locais. A EXPERIÊNCIA DE VIVER NUMA PASSIVE HOUSE O segundo painel deu voz a quem vive diariamente numa Passive House, oferecendo um testemunho direto sobre o impacto no conforto e nas despesas energéticas. Inês Falcão (Danosa) destacou o isolamento acústico: “a sede da Danosa está junto à linha do comboio. Antes, o ruído era constante. Hoje, o barulho simplesmente desapareceu”. Já Joana Cortinhas, residente numa habitação certificada, sublinhou os ganhos económicos e de conforto térmico: “somos duas pessoas. No verão pagamos cerca de 20 euros de eletricidade e, no inverno, 28 euros”. Os participantes destacaram a qualidade do ar interior, a ausência de humidade e a estabilidade térmica como benefícios tangíveis de uma construção que alia eficiência e bem-estar. HABITAÇÃO SOCIAL E SUSTENTABILIDADE: O EXEMPLO DE NAVARRA A terceira sessão levou os participantes até Navarra (Espanha), com Maitane Zazu, da Nasuvinsa, a apresentar um caso de sucesso na aplicação do padrão Passive House à habitação social. O projeto mostrou como a eficiência energética pode ser integrada em edifícios públicos, elevando o padrão de conforto e reduzindo custos operacionais. Carl Halbach, do International Passive House Association (iPHA), reforçou a importância das Passive Houses sociais como motores de comunidades mais sustentáveis, defendendo que “conforto e eficiência não são luxos, mas necessidades acessíveis com as decisões certas”. FORMAR PARA CONSTRUIR MELHOR O último painel focou-se no processo construtivo e na qualificação profissional. Vítor Marques (CRPRO) apresentou o primeiro edifício multifamiliar em Portugal com ambição de certificação Passive House, destacando que o sucesso começa na fase de projeto: “a Passive House obriga a pensar a construção desde o início com detalhe e rigor”. Ao seu lado, Jorge Alves (ConceitBase), Nuno Pereira (NunInstalldecor), Sofia Almeida (TUU) e David Rupino (Ordem dos Arquitetos - Secção Regional do Centro) alertaram para a escassez de mão de obra qualificada e defenderam a formação contínua de todos os intervenientes, do arquiteto ao instalador. A mensagem final foi clara: “formar para construir melhor”. O Passive House Center foi reconhecido como um agente essencial para colmatar lacunas e reforçar a qualidade no setor. VISITAS TÉCNICAS CONSOLIDAM O SUCESSO DA EDIÇÃO Pela primeira vez, a conferência incluiu um terceiro dia dedicado exclusivamente a visitas guiadas a Passive Houses. Foram realizadas 14 visitas a sete edifícios, acompanhadas pelos respetivos projetistas certificados, com quase 100 participantes e a maioria das sessões esgotadas. A oportunidade de ver no terreno as soluções apresentadas confirmou a dimensão prática e inspiradora do evento. A próxima edição da Conferência Passivhaus Portugal já tem data confirmada: 20, 21 e 22 de outubro de 2026, novamente em Aveiro e com novas visitas a edifícios Passive House. n foi palco de debates estratégicos e de casos práticos que mostram como o conceito Passive House está a transformar o modo de construir em Portugal. EFICIÊNCIA E RESILIÊNCIA ENERGÉTICA EM DEBATE A sessão de abertura colocou em destaque a resiliência da rede elétrica e o papel dos edifícios na transição energética. Marta Panão (FCUL), Joaquim Guedes (Ecoinside) e João Gavião (Homegrid) abordaram o impacto do padrão Passive House num contexto de produção renovável descentralizada e instabilidade da rede, sublinhando que a eficiência energética dos edifícios é uma peça-chave para garantir estabilidade e sustentabilidade. Duas ideias dominaram a discussão: partilha e comunidade. Foi reforçado que o futuro da energia passa não
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