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55 PERFIL EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFÍCIOS mas ainda à criação de novas medidas de financiamento. Apesar de tudo, e tendo em conta a “adesão manifestada em 2021, a iniciativas como o 'Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis' ou o 'Vale Eficiência', espera-se que, no ano vigente, exista uma extensão nos prazos dos programas e/ou que surjam mais programas com verbas idênticas ou superiores às dos anos anteriores”. Mas serão estas medidas (e quantias) suficientes? A opinião da especialista da Systemic é que os horizontes serão revistos. Em causa, também “o conhecimento futuro e tecnologias ainda não desenvolvidas, mas sempre no caminho de atingir objetivos cada vez mais ambiciosos do que aqueles com os quais atualmente nos comprometemos”. UMA QUESTÃO DE MÃO-DE-OBRA Não há pessoas para trabalhar. Esta é uma queixa generalizada. No que concerne à questão específica da reabilitação do edificado, Joana Silva relembra que, de “acordo com as estatísticas do Sistema de Certificação Energética dos Edifícios, à data de hoje, 67% dos certificados energéticos dos edifícios possuem classe C ou inferior. Sendo as Classes C e D com maior predominância, 25,0% e 21,5% respetivamente”. Os números não mentem. “Há uma necessidade desmedida de edifícios que necessitam de intervenções de cariz energético”, afirma a especialista, que acrescenta que, como crescimento na construção e reabilitação que se têm sentido e, juntamente, com os financiamentos em prol da eficiência energética, a mão-de-obra terá de, gradualmente, suprir a procura. Isto porque, como refere Joana Silva, um dos objetivos do Acordo de Paris (2015), essencial à transição para economia verde e de baixo carbono, é justamente a “criação de trabalho digno e empregos de qualidade”. E, neste cenário, plataformas como o CLASSE+ “têm um papel crucial, pois permitem a ligação direta entre os proprietários e os prestadores de serviços, neste caso específico, no apoio à escolha/instalação de janelas”. QUE “PONTOS” ATACAR EM MATÉRIA DE REABILITAÇÃO URBANA O primeiro passo em qualquer obra de reabilitação é o de fazer um diagnóstico. E aqui, refere Nélson Lage, presidente da ADENE, o certificado energético é, particularmente, útil, pois permite um diagnóstico técnico e detalhado do edifício e do que nele pode ser melhorado para aumentar o seu desempenho energético, tornando a casa mais eficiente e confortável. Com cerca de 25% dos imóveis nacionais já identificados, é possível saber quais as principais oportunidades de melhoria, “identificadas em quase 2/3 dos certificados emitidos”. Na opinião do presidente da ADENE, dizem respeito “à aplicação ou reforço do isolamento de paredes e coberturas e à substituição de janelas por outras mais eficientes”. Mas não exclusivamente. Como refere Nelson Lage, segue-se a substituição dos equipamentos de produção de água quente e de aquecimento ambiente, por soluções mais modernas e eficientes que possibilitem um uso mais eficiente da energia. Em complemento à instalação de equipamentos mais eficientes, temos sempre a oportunidade de introdução de fontes de energia renovável, como, por exemplo, a colocação de coletores e painéis solares e preferência por caldeiras a biomassa”, acrescenta. Já Joana Silva dá dicas mais especificas, por exemplo, substituir as lâmpadas por iluminação LED e optar por eletrodomésticos com classes energéticas superiores. Como refere a especialista, “o custo-benefício destas pequenas alterações é elevado e, uma vez que não implicam obra, poderão ser um primeiro passo na procura pela eficiência energética e, consequentemente, na redução da fatura de energia”. Quanto à reabilitação propriamente dita, a opinião de Joana Silva é que deverá ter-se em consideração estratégias para que promovam o conforto térmico, através de boas soluções de isolamento e substituição de janelas; recurso a sistemas de climatização eficientes como bombas de calor e, ainda, colocação de painéis solares térmicos e fotovoltaicos. Mas, por muitas melhorias que se façam, há que ter em atenção algo muito importante: a gestão e controlo dos equipamentos consumidores de energia. “A tendência é de termos edifícios cada vez mais inteligentes, nos quais a existência e boa utilização de sistemas de controlo e gestão de energia é fundamental para um dia-a-dia mais sustentável”, afirma Nelson Lage, acrescentando que a associação tem apostado numa vertente que normalmente passa despercebida: a eficiência hídrica. “Poupar água, em particular água quente sanitária, é tambémpoupar energia”. Para ajudar nesta matéria, a ADENE desenvolveu um sistema de classificação da eficiência hídrica de imóveis, AQUA+ (www.aquamais.pt), que à semelhança do SCE, ajuda os promotores e proprietários a saber o que podem fazer para que o edifício sejamais eficiente no uso da água. Algo extramente útil dado que, como afirma o presidente da ADENE, “dependendo da situação do edifício, a poupança de água pode ser de 30 a 50% do consumo convencional”. Por outro lado, e como refere Joana Silva, aquando da descarbonização dos edifícios, deveria ser tido em conta todo o ciclo de vida do edifício, desde a sua construção, passando pela utilização, às reabilitações periódicas e, por fim, à demolição. “Na construção, reabilitação, assim como na demolição, o recurso a materiais com baixo carbono ganha particular relevância”, afirma a especialista.

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