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56 PERFIL EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFÍCIOS CONSTRANGIMENTO NO ACESSO ÀS MATÉRIAS-PRIMAS: UMA OPORTUNIDADE PARA MELHORAR Questionada sobre as consequências da pandemia no que concerne aos constrangimentos de acesso às matérias-primas, fruto da pandemia, Joana Silva considera que podemos encarar a situação das “matérias-primas como uma oportunidade para alavancar a adoção de novos modelos de negócio baseados em princípios de economia circular”. Como? Simples, “promovendo a reutilização de materiais e a utilização de uma maior percentagem de materiais reciclados na construção/ reabilitação e, ainda, uma preferência por produtos locais, reduzindo assim o risco associado a possíveis constrangimentos logísticos”. Nelson Lage, por seu lado, realça que o progresso tecnológico permite uma rápida evolução na eficiência energética dos edifícios, pautada pela natural e progressiva introdução de novas técnicas e materiais. E dá como exemplo o setor da caixilharia, que “hoje apresenta novos materiais, novos modelos construtivos dos perfis, novas técnicas e automatização da fabricação e que permitem ter caixilharias de elevada eficiência energética”. Os dados recolhidos pela etiquetagem energética CLASSE+, uma iniciativa voluntária da ADENE, indicam que “praticamente todas as janelas produzidas e colocadas no mercado português têm classificações elevadas, de A ou A+”. Aliás, segundo Nelson Lage, a Agência prevê, para breve, e em articulação com a associação do setor (a ANFAJE), “uma revisão e reescalonamento, reforçando os critérios de exigência da classificação e introduzindo também outras dimensões relacionadas com a sustentabilidade ambiental dos materiais que compõem as janelas enquanto elemento construtivo”. Quanto aos efeitos desses constrangimentos nos preços das matérias-primas, Joana Silva considera que os limites monetários das comparticipações, dentro dos programas de apoio, têm de conseguir acomodar a inflação e aumentar em função da mesma, de modo a não condicionar a concretização dos objetivos definidos tanto ao nível nacional como ao nível da UE. O QUE DIZ A BANCA A breve trecho, a etiquetagem energética dos edifícios terá, também, impacto na banca, nomeadamente, por exemplo, ao nível da obtenção de financiamento. Como refere Joana Silva, a banca já reconhece, quer os riscos ambientais e climáticos, quer os riscos financeiros. Mesmo porque, ao nível da UE, “existe cada vez mais regulamentação para o setor financeiro em temas relacionados com Finanças Sustentáveis”. Em Portugal os bancos começam a incorporar estes riscos nas decisões de investimento e concessão de crédito. Como explica Joana Silva, isto “poderá traduzir-se em penalizações ou benefícios atribuídos a créditos commaior ou menor risco, respetivamente”, acrescentando que “tendo em conta que os ativos imobiliários, por serem associados a investimentos de longo-prazo e de liquidez baixa, têm umcusto de transação elevado e, sobretudo, porque têmuma localização física imutável, estes riscos devem ser incorporados para uma avaliação de risco precisa”. Dito de outra forma, “se um edifício tiver um certificado energético de classe elevada, será mais resiliente face aos impactos derivados das alterações climáticas, como por exemplo, ondas de calor no verão e vagas de frio no inverno”. Melhor avaliação igual a menor risco. Esta é uma volta sem retorno. E não apenas por ser uma “ordem” da Comissão Europeia. É umamedida que beneficia o País e a economia. E que o próprio mercado está a comandar. n

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