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ENTREVISTA 20 Portanto, temos um conjunto de empresas que se afirmam pela diferenciação e pelo fabrico de produtos de elevada qualidade. Quantos associados tema Abimota? De que tipologias? A Abimota temmais de 150 associado, 80 deles do setor das duas rodas, onde se incluem os fabricantes de todo o tipo de componentes e as empresas que montam bicicletas. Pela sua análise, que fatores contribuíram para que Portugal seja atualmente o maior produtor europeu de bicicletas? Alcançámos esta posição, essencialmente, graças à qualidade dos produtos que fazemos. É verdade que o projeto Portugal Bike Value teve um papel importante neste percurso, pois ajudou as empresas nacionais a afirmarem-se na Europa enquanto cluster empresarial, dando a conhecer as suas competências. Mas os resultados conseguidos só foram possíveis porque os produtos que estas empresas tinham para oferecer eram de elevada qualidade. Além disso, existe uma crescente consciencialização ambiental, principalmente no Norte e Centro da Europa, que leva as pessoas e as empresas a procurar meios de mobilidade suave, independentes dos combustíveis fósseis. Esse é, talvez, o principal fator que está a contribuir para o desenvolvimento do nosso setor. A tudo isto acresce o facto de os europeus procurarem cada vez mais produtos feitos na Europa. Felizmente, temos conseguido dar resposta a essa procura. Que percentagem da produção nacional de bicicletas se destina à exportação? Estimamos que, atualmente, mais de 95% das bicicletas e dos componentes montados em Portugal vão para os mercados externos. Quais são os principais países de destino? Mais de 90% das exportações destinam-se aos mercados europeus. Apesar de existir alguma oscilação entre os vários países, Alemanha, França e Holanda estão a cimentar-se como os principais destinos das bicicletas portuguesas. A eletrificação surge como uma das principais tendências do setor. Este é umdesafio para os fabricantes de componentes? Sim, é um desafio na medida em que têm de respeitar normas de segurança e obrigações legais que não existem nos componentes para bicicletas tradicionais. Mas, igualmente, o peso de uma bicicleta elétrica é superior ao de uma convencional e isso, naturalmente, obriga os fabricantes a estruturar os componentes de outra forma, o que implica adaptações no processo produtivo. De qualquer modo, a indústria portuguesa do setor das duas rodas tem plena consciência desta necessidade e está a dar a resposta adequada. O grande crescimento na produção para este segmento reflete isso mesmo. Que outras tendências identifica? Além das elétricas, existe um enorme aumento da procura de bicicletas de carga, as cargo-bikes, principalmente no centro da Europa. E muitas delas já estão a ser fabricadas em Portugal. No entanto, eu diria a grande tendência, subjacente a estes dados, é a já referida consciência ecológica por parte da população europeia, associada à tentativa de independência dos combustíveis fósseis. Felizmente, trata-se de uma tendência que tem sido acompanhada por políticas públicas para tornar as cidades mais sustentáveis, mais viradas para as pessoas, e que beneficiam os utilizadores de bicicletas. No caso concreto de Portugal, a generalização demedidas como o Projeto deMobilidade Empresarial poderia fazer aumentar a taxa de utilização de bicicletas? Esse projeto está previsto no orçamento de Estado, mas ainda não está regulamentado. No entanto, devo referir que Portugal foi o primeiro país da Europa a baixar o IVA das bicicletas, de 23 para 6%, o que deveria representar um grande benefício para os utilizadores. É de lamentar que esta baixa não tenha sido repercutida no preço final das bicicletas, que deveria de ter descido 17%, mas, regra geral, desceu muito menos que isso. Esperamos que, entretanto, o Fundo Ambiental disponibilize mais verbas para apoiar a compra de bicicletas e que as convencionais passem a ser apoiadas na mesma medida que as elétricas. Seria uma medida importante para se democratizar a utilização deste meio de transporte. A atual conjuntura e a consequente instabilidade das cadeias de abastecimento de componente e matérias-primas podem condicionar o desempenho do setor este ano? Sim, as cadeias de abastecimento do setor são bastante compridas e a atual instabilidade está a causar alguns constrangimentos no mercado com os quais, temos de dizê-lo, não sabemos muito bem como lidar. Que outros fatores podemcondicionar o crescimento? A falta de mão de obra qualificada é um problema? Sim, a falta de mão de obra é, de facto, um dos principais problemas. No entanto, o setor tem vindo a pagar venci-

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