BO14 - EngeObras

OPINIÃO 10 Neutralidade carbónica e digitalização: desafios e oportunidades A sustentabilidade é hoje um requisito incontornável e determinante para a economia global e, naturalmente, para o setor da construção e do imobiliário. O conceito evoluiu de uma preocupação ambiental para um modelo de competitividade e resiliência, enquadrado nos princípios ESG — Environmental, Social and Governance — que avaliam a forma como as organizações integram o crescimento económico, a inclusão social e a preservação dos recursos naturais. Manuel Reis Campos, presidente da AICCOPN Neste contexto, a AICCOPN assume um papel importante, promovendo o envolvimento ativo das empresas associadas neste processo de mudança. Através de ações de sensibilização e capacitação, incentiva a adoção de soluções sustentáveis e apoia a adaptação a novas exigências técnicas, regulamentares e de mercado. Paralelamente, participa na definição de políticas públicas, contribuindo para que a transição do setor seja equilibrada, exequível e ajustada à realidade empresarial. De acordo com a Agência Internacional de Energia, o setor da construção e o ambiente edificado representam cerca de 38% das emissões globais de CO₂ e 36% do consumo mundial de energia. Estes valores, resultantes do carbono operacional e do carbono incorporado nos materiais, evidenciam o potencial do setor para contribuir para as metas europeias de neutralidade carbónica. Em Portugal, o parque edificado apresenta uma elevada necessidade de reabilitação, reforçando a urgência de modernização e melhoria do desempenho energético dos edifícios, objetivos apoiados pelo PRR e pelo Portugal 2030. Este esforço nacional está alinhado com o enquadramento europeu, que eleva as exigências em matéria de qualidade, eficiência e transparência. O novo Regulamento dos Produtos de Construção e a Diretiva do Desempenho Energético dos Edifícios são pilares fundamentais nesta ambição, promovendo práticas mais sustentáveis e o uso responsável dos recursos. A introdução da Análise do Ciclo de Vida dos Edifícios representa uma mudança estrutural ao impor a avaliação do impacto ambiental desde a produção dos materiais até ao fim de vida das construções. A transformação em curso exige cooperação entre agentes económicos, reforço da capacitação técnica e modelos de gestão mais eficientes. A economia circular assume um papel determinante, substituindo o paradigma linear por práticas de reutilização, reciclagem e regeneração de recursos, essenciais num contexto em que os resíduos de construção e demolição representam uma parcela significativa dos resíduos da União Europeia. A incorporação de matérias-primas secundárias, o desenvolvimento de plataformas digitais de materiais e o design orientado para a desconstrução são tendências em ascensão. O Ecodesign, apoiado por ferramentas

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