BO5 - Engeobras

OPINIÃO 13 Efetivamente, no mercado das obras públicas, nos primeiros cinco meses do ano, observou-se um expressivo crescimento dos principais indicadores. O montante dos concursos de empreitadas de obras públicas promovidos totalizou 2.655 milhões de euros, o que traduz um expressivo crescimento de 78%, face aos 1.489 milhões de euros apurados no período homólogo. Relativamente, ao total de contratos celebrados, neste período, ascendeu a 1.110 milhões de euros, o que corresponde a um acréscimo de 47%, em termos de variação homóloga temporalmente comparável. Deste modo, perante o arranque efetivo de um volume significativo de obras públicas, designadamente em habitação e em infraestruturas, o país tem que garantir a disponibilização de meios humanos, tecnológicos e financeiros que permitam uma correta capacitação das empresas nacionais. Contudo, no setor da construção e do imobiliário, a falta de mão de obra, estimada em cerca de 80 mil trabalhadores, tem condicionado significativamente a atividade das empresas. De acordo com o último inquérito à situação do setor realizado aos associados, este problema afetava 66% das empresas que trabalham no segmento das obras públicas e 78% das empresas do segmento das obras privadas, pelo que, é essencial acelerar a concretização da mobilidade transnacional da mão-de-obra, designadamente a oriunda dos PALOPs, e promover um melhor alinhamento da Formação Profissional com o mercado de trabalho. Com efeito, tendo em consideração o atual nível de desempregados inscritos nos Centros de Emprego do IEFP, é evidente a necessidade de uma maior aposta na valorização dos centros de formação de excelência do setor, como o CICCOPN e o CENFIC, de modo a fomentar a criação de mais emprego qualificado, satisfazendo necessidades urgentes do setor, ao mesmo tempo que promoveria a redução do número de desempregados. No domínio tecnológico, as empresas do setor da construção e do imobiliário encontram-se, atualmente, perante o desafio de adaptação à 4.ª Revolução Industrial, a denominada Construção 4.0, que se afirma como o caminho natural para o aumento da competitividade e produtividade. Neste âmbito, há também que salientar que, o crescente reconhecimento das alterações climáticas no planeta e, consequentemente, necessidade de adoção de políticas de desenvolvimento sustentável, como a gestão eficaz dos resíduos de construção e demolição, bem como a sua valorização e desenvolvimento de plataformas colaborativas, o desenvolvimento do mercado das matérias primas-secundárias, a incorporação de materiais reciclados nas empreitadas de obras públicas e particulares, a avaliação do ciclo de vida dos edifícios, a concretização de projetos de conceção que já acautelam a “futura” desconstrução em nova construção, exigem uma aposta por parte dos empresários em inovação. O recurso à tecnologia e a sua integração na atividade das empresas, são, atualmente, os reais motores do progresso nas sociedades modernas, pelo que, a construção off-site ou modular, a capacitação dos recursos humanos, a procura de soluções inteligentes e sustentáveis, constituem realidades incontornáveis. No entanto, esta “revolução” tecnológica e digital tem custos iniciais consideráveis, pelo que, para abranger um tecido empresarial, maioritariamente composto por micro e pequenas empresas, há que incentivar e estimular esta evolução, permitindo empresas mais flexíveis, dinâmicas e operacionais. A capacitação das empresas do setor da construção e do imobiliário, que se encontram sob pressão pela evolução da inflação e das taxas de juros, assume, assim, uma relevância acrescida enquanto de motor da economia e do emprego, para uma atempada concretização dos investimentos públicos previstos que o país necessita para convergir com os restantes países europeus. n

RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx