BP19 - InterPLAST

ENTREVISTA 54 Até agora, a maioria dos recicladores químicos tem trabalhado com poliolefinas, que também são fáceis de processar na reciclagem mecânica. Porque não olhar para plásticos mais complexos? Atualmente, as empresas procuram fluxos de materiais que ofereçam uma expetativa realista de gerar lucros a médio prazo. Não começam com os materiais mais difíceis sem saber se podem ser utilizados ou comercializados. O problema não é a tecnologia, mas sim a criação de capacidades e o desenvolvimento de fluxos de matérias-primas, passo a passo. É claro que na reciclagem química também é possível processar fluxos de materiais complexos e obter qualidades elevadas, mas o esforço necessário para o fracionamento é muito maior. Enquanto o petróleo for uma matéria-prima barata, isto faz pouco sentido do ponto de vista económico. Qual é o papel da política neste conflito? Na indústria dos plásticos temos cadeias de valor bem estabelecidas e muito eficientes. Se quisermos transformá-la numa economia circular que funcione bem, não podemos fazê-lo sem orientações políticas. Afinal de contas, trata-se de um sistema económico completamente novo. Agora entra em jogo o dilema do ovo e da galinha: os políticos não querem regulamentar demasiado, para evitar que o mercado entre em colapso antes de surgir algo novo. Mas um novo mercado só surgirá se houver uma proteção legislativa, porque, do ponto de vista económico, não é auto-explicativo. É nessa situação que nos encontramos atualmente. Temos de estar conscientes de que a transformação é um processo que levará anos, se não mesmo décadas. O que é que isso significa em termos concretos? Também aqui não há regras simples. Mas a regulamentação deve, sem dúvida, ser específica para cada grupo de produtos. O que é possível, sensato e viável para a indústria e os produtos em questão deve ser considerado passo a passo, e não devem ser prescritas ou favorecidas tecnologias específicas. Por exemplo, a reciclagem mecânica e química não devem ser consideradas separadamente, mas sim em conjunto. Isto também inclui o procedimento de balanço de massa. Para os grupos de clientes que pretendem um verdadeiro conteúdo reciclado, este plástico deve ser especificamente fornecido. Para outros grupos de clientes, pode ser suficiente indicar na caixa de um telemóvel que este foi reciclado com um balanço de massa até X por cento. Conseguiremos, de facto, atingir uma economia circular? Isso depende do valor que atribuímos à desfossilização. De um ponto de vista puramente económico, faria mais sentido deixar como estão as cadeias de valor lineares altamente eficientes. Mas se a luta contra as alterações climáticas tem um grande valor para nós, temos também de estar dispostos a mudar o nosso comportamento e a aceitar os custos. A implementação da economia circular custará milhares de milhões, mas também oferece imensas oportunidades económicas. Os vários processos de reciclagem, triagem e marcação são tecnologias futuras pioneiras, que podem ser exportadas internacionalmente como um sistema. De repente, tornar-se-á um conceito global muito positivo. São feitos investimentos, mas também se abrem importantes mercados internacionais. Isto representa uma grande oportunidade para as empresas alemãs dos mais diversos setores. n "A reciclagem química complementa os métodos mecânicos e é parte indispensável do tratamento de fim de vida dos plásticos"

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