BP20 - InterPLAST

54 RECICLAGEM arrastamento e removem os compostos causadores de odores presentes nos materiais de plástico durante a fase de extrusão. Estes aditivos atuam em duas fases. Em primeiro lugar, o transportador liberta a substância ativa do aditivo e, juntamente com o efeito da temperatura, provoca a humidificação das substâncias causadoras de odores, de modo que, na segunda fase, os compostos odoríferos são removidos por desgaseificação na extrusora. Outra alternativa utilizada é o mascaramento dos compostos odoríferos através da incorporação de substâncias que proporcionem aromas agradáveis ao material plástico, como fragrâncias de menta ou limão, entre outras (Verdejo et al., 2014). No que diz respeito às técnicas de remoção de odores na extrusão, uma das mais importantes é a remoção dos compostos voláteis causadores de odores que são libertados durante o aquecimento do material plástico, através da instalação de um sistema de extração de gases e da aplicação de vácuo. Esta técnica permite que a desgaseificação seja efetuada em vários pontos para garantir uma eliminação correta dos gases. Por último, convém mencionar as técnicas de desvolatilização ou de desgaseificação através da utilização de agentes que permitem a extração dos compostos odoríferos. De um modo geral, os agentes mais utilizados são o N2, a água (vapor de água) e o CO2 supercrítico. Estes agentes são introduzidos no processo de extrusão em estado líquido ou gasoso, de modo a difundirem-se através do material plástico fundido, facilitando assim o arrastamento dos compostos voláteis que causam odor e, consequentemente, a sua extração através do sistema de desgaseificação (Verdejo et al., 2014). Em primeiro lugar, no que diz respeito ao primeiro agente utilizado, a função do vapor de água no processo é formar bolhas no interior do material plástico, de modo a gerar um aumento do volume livre no polímero fundido, dando origem a um aumento da taxa de difusão dos compostos voláteis dissolvidos na matriz polimérica para a fase de vapor, a fim de desgaseificar posteriormente tais substâncias através de um sistema de vácuo. Algumas das vantagens deste tipo de extração no processo de extrusão devem-se ao facto de a mistura de vapor com os compostos voláteis baixar o ponto de ebulição destas substâncias, de forma que a sua ebulição seja efetuada a temperaturas mais baixas, o que permite remover os compostos odoríferos sem necessidade de trabalhar a pressões superiores à pressão atmosférica. Por outro lado, os tempos de ciclo de extrusão são de minutos, enquanto outras técnicas, como a utilização de reatores ou colunas de destilação, podem demorar várias horas. Além disso, noutros processos de extração, o material plástico não derrete, o que dificulta o contacto íntimo entre o vapor de água e os compostos voláteis produtores de odores, ao contrário do processo de extrusão. O Aimplas está atualmente a desenvolver um método alternativo para realizar a extração dos compostos odoríferos por arrastamento de vapor, que consiste na incorporação do material numa extrusora de duplo parafuso, em que é injetado vapor de água sob pressão para realizar a desodorização do material plástico. Com este método, estão a ser obtidos resultados muito favoráveis para a remoção de substâncias voláteis odoríferas em materiais reciclados pós-consumo. Em segundo lugar, a utilização de CO2 supercrítico no processo de extrusão para a remoção de compostos voláteis e semivoláteis tem sido uma das tecnologias desenvolvidas pelo Aimplas, demonstrando uma eficácia na remoção destes compostos entre 75% e 99,5%. Os fluidos supercríticos encontram-se em condições de pressão e temperatura acima do seu ponto crítico, pelo que se comportam como um híbrido entre um líquido e um gás, ou seja, têm a capacidade de se difundirem como um gás e de se dissolverem como um líquido. Estas condições conferem-lhes excelentes vantagens nos processos de extração, facilitando a dissolução dos solutos, enquanto o seu comportamento como gás facilita a separação da matriz, conduzindo a um processo de extração mais rápido, eficiente e seletivo. Por outro lado, o CO2 é considerado um solvente em comparação com os solventes orgânicos comuns e, pelo facto de ser um gás à temperatura e pressão ambiente, não gera quaisquer resíduos (Aimplas, 2019). Nesta tecnologia de descontaminação, o Aimplas está a obter melhores resultados nos estudos que estão a ser realizados e, com isso, conseguimos definir uma metodologia de trabalho que poderá ser utilizada para muitos mais materiais. Este compromisso do Aimplas com a investigação em matéria de reciclagem está em consonância com o compromisso do centro e da indústria dos plásticos em geral com a sustentabilidade ambiental, o que nos permitirá obter e fornecer materiais reciclados seguros que nos permitirão reduzir a pegada de carbono, cuidar do ambiente e não utilizar materiais virgens que provêm maioritariamente de fontes fósseis. n

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