ENTREVISTA 17 Luísa Santos Começo por lhe pedir que nos conte um pouco da história da Simulflow. Como é que começou esta aventura com o Moldex3D e como avalia o percurso da empresa ao longo destas duas décadas? O meu primeiro encontro com o Moldex3D aconteceu em Francoforte, na Euromold, no outono de 2000. Ao passar diante de um stand, recebi um folheto acerca deste software, que era à época totalmente desconhecido na Europa. Mal sabia eu que aquele momento iria decidir a minha vida profissional futura. Com um percurso profissional já consolidado, no final desse mesmo ano tomei a decisão de criar a minha própria empresa de serviços de engenharia. Nessa época, insatisfeita com o apoio do fornecedor de software que sempre tinha utilizado, por um lado, e com o seu custo, por outro, tive necessidade de avaliar outras alternativas. O tal desconhecido Moldex3D revelou-se uma hipótese a equacionar, mas a decisão não foi imediata, já que não havia referências no mercado e aquele encontro na feira foi insuficiente para perceber exatamente de que se tratava. Por isso, e após grande reflexão, decidi ir a Taiwan em março de 2001 para ter formação e ficar a conhecer tanto o software como a Coretech, a empresa que o desenvolve. No final faria a avaliação e tomaria a decisão. Foi assim que, ainda lá, me decidi pela aquisição. No começo desta aventura o projeto passava apenas pela consultoria. No entanto, três anos depois, no início de 2004, percebemos que os nossos clientes da indústria de moldes e plásticos estavam cada vez mais interessados em adquirir o software e não apenas o serviço. Por isso, decidimos dar o passo seguinte e assumir a representação do Moldex3D, respondendo ao desafio que a Coretech já nos havia lançado. E foi desta forma que nasceu a Simulflow, para representar o Moldex3D e prestar assistência técnica. Claro que os primeiros anos foram bastante trabalhosos, porque foi necessário um esforço acrescido para dar a conhecer um software que não era utilizado na Europa. Mas, com o tempo, as empresas perceberam as potencialidades desta ferramenta e reconheceram-na como uma alternativa válida. Entretanto, em junho de 2017, já a Simulflow estava consolidada como fornecedora do software e formadora, passámos a representar em Portugal a tecnologia para injeção microcelular de plásticos Mucell, desenvolvida pela Trexel, dos EUA. E no ano seguinte estabelecemos uma parceria com a BIMS Seminars de Vito Leo, da Bélgica, para formação em injeção de termoplásticos de alta qualidade em Portugal. Em suma, eu diria que, ao longo destes 20 anos fomos construindo uma imagem consistente de competência, de saber-fazer e de qualidade e hoje posso afirmar que somos uma referência em soluções de engenharia de excelência, assegurando o melhor suporte técnico e garantindo ainda formação de elevada qualidade. Que caraterísticas diferenciam o Moldex3D das alternativas concorrentes? Um dos pontos mais importantes num software de simulação é a sua capacidade de gerar as malhas de elementos finitos, a partir das quais são efetuados os cálculos. A sua enorme evolução, quer na parte do pré-processamento – que, na minha opinião, é a principal vantagem do Moldex3D -, quer nas aplicações de simulação dos processos avançados de moldagem (injeção a água, injeção a gás, espumas físicas ou químicas) tornou-o numa referência mundial. Das malhas “casca” passámos pelas malhas híbridas sólidas e depois voxel. Quando surgiu a poderosa construção da malha BLM (do inglês boundary layer mesh, i.e., malhas de camada limite) deu-se um salto tecnológico muito inovador na simulação tridimensional. O Moldex3D foi pioneiro e está na vanguarda da utilização deste tipo de malha sólida verdadeira. Que vantagens têm os vossos clientes ao utilizar esta solução? A grande vantagem é a de poderem usar um software avançado, com diversos processos de moldagem, com malha sólida real, que está em constante evolução graças ao trabalho permanente de investigação e desenvolvimento. E, não menos importante, a qualidade, proximidade e celeridade do apoio prestado pela Simulflow. A área de atuação geográfica da Simulflow estende-se também a Espanha. Como é trabalhar este mercado? Quais são as principais diferenças em relação ao mercado nacional? O mercado em Espanha apresenta complexidade por diversas razões, sendo a primeira o protecionismo implícito. A segunda razão prende-se com o facto de, paradoxalmente, muitas PME espanholas dos setores dos moldes e da injeção de termoplásticos evidenciarem menor abertura à inovação, pelo menos no que toca a estas tecnologias e serviços de engenharia.
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