BP8 - InterPlast

ENTREVISTA 19 midor aos donos demarcas, de que o reciclado era ummaterial menos nobre. Isto, apesar da Logoplaste já advogar a reci- clagem há muito anos. Para nós, a tendência da sustenta- bilidade não é algo novo, está no nosso ADN desde a funda- ção da empresa. Na minha opinião, houve um momento charneira que mudou esta forma de pensar: a exibição do documentário Blue Planet, da BBC, narrado por David Attenborough. O impacto que teve em todo o mundo foi enorme e serviu para acordar as pessoas para o problema do plástico no ambiente. Já existiam, naturalmente, muitos movimen- tos ambientais a alertar para o problema, mas, a partir desse momento, passou a ser impossível ignorar o que se passava. E ainda bem que assim foi. O consumidor passou a pedir às marcas e aos retalhistas para tomarem uma atitude no sentido de minorarem o impacto sobre o ambiente. Daí veio a pressão sobre a legislação e todos os passos que se seguiram. A Logoplaste é totalmente favorável a esta mudança de paradigma. Achamos, no entanto, que temos de ser realistas e colocar os incentivos no sítio certo. Na nossa opinião, a melhor solução é o sistema DRS (deposit refund/ return system, na designação em inglês), em que se dá um valor à embalagem vazia para incentivar o consu- midor a devolvê-la num ponto de recolha seletiva. Isto já acontece em muitos países da Europa, com taxas de sucesso altíssimas! Inclusive superiores às de países que optaram por taxar a não incorporação de plástico reci- clado em novos produtos. Aliás, neste momento já temos este sistema a fun- cionar em Portugal… De forma experimental, mas sim, já temos. Infelizmente, ainda não é um sistema bem aceite por todos, mas, na nossa opinião, é o melhor. A partir do momento em que se dá valor a um produto, ele não vai ser descartado no ambiente. Já existe uma grande capacidade de recicla- gem instalada, no entanto, os recicladores queixam-se da escassez e da baixa qualidade do material que lhes chega. Ora, no caso do PET, o sistema de coleta seletiva de garrafas resolve estes dois problemas. Um exemplo de uma medida que atribui um valor intrín- seco ao plástico é o de alguns países em que as notas de moeda incorporam plástico. Naturalmente, não as encontramos nas lixeiras. A Logoplaste está envolvida na implementação des- ses sistemas DRS? A Logoplaste é um pequeno player neste processo. Temos vindo a participar em todos os movimentos que advogam a implementação destes sistemas, e asso- ciámo-nos a iniciativas como a The Ellen MacArthur Foundation, a Petcore e outras iniciativas europeias que procuram consciencializar quem elabora a legislação e desenha os sistemas de cada país. Para nós, este é um aspeto fundamental, já que produzimos embalagens para produtos que são comercializados em diversas geografias. Em suma, os nossos esforços vão sempre no sentido de criar uma massa crítica forte, capaz de fazer a dife- rença. Neste sentido, estamos envolvidos em vários projetos de investigação, que vão do desenvolvimento de bioplásticos à reciclagem química, bem como em projetos de validação de plástico compostável. Tudo isto porque acreditamos que o plástico tem valor, é mais competitivo e temmenos impacto sobre o ambiente que outros materiais de embalagem, já que, no seu ciclo de vida, consome menos energia e emite menos CO 2 . Consideramos, de facto, que é a maneira mais eficiente de entregar alguns produtos no mercado. No entanto, também reconhecemos que há produtos que não faz sentido serem produzidos com plástico e, por isso, apoiamos iniciativas que visam a reutilização ou a eliminação de plástico excessivo. Com o uso de reciclado nas embalagens, a qualidade alimentar está assegurada? Está, desde que se use matéria-prima com esse grau de pureza. Há legislação que define os plásticos reciclados para contacto alimentar, que é, obviamente, mais rigo- rosa que noutros setores, e não é qualquer plástico que pode ser usado para este fim, principalmente porque existe contaminação no sistema de coleta. Por isso é que, mais uma vez, advogamos os sistemas DRS.

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