BF18 - iAlimentar

2025/4 18 Preço:11 € | Periodicidade: Trimestral | Outubro 2025

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Jarvis España Polígono Industrial Polingesa Calle Farigola 28. 17457 Riudellots de la Selva Girona. España www.jarvisespana.es info@jarvisespana.es T 972 478 766 T (Sebastian Azzollini) +34 675 031 600 O modelo JHS é utilizado em presuntos ibéricos de cura prolongada e até em peixe congelado. O seu motor potente evita que encrave, mesmo nas crostas mais duras. O modelo JHSL é mais leve e é utilizado em produtos frescos e presuntos menos duros. Punho rotativo de 360º ajustável para um manuseamento cómodo. Desenhado, fabricado e testado em Middletown, Connecticut, EUA JHS & JHSL & RHSL Descortezadoras de presunto Gama de descortezadoras manuais pneumáticas Jarvis Potência. Rapidez. Redução de desperdício. Modelos disponíveis em várias profundidades: 1.5, 3.0 e 5.0 mm. O modelo JHS 200, com cabeçal mais estreito, é utilizado para cortes com formas complexas e é ideal para peças onduladas como cecinas (carne de vaca curada e seca ao estilo tradicional espanhol) e pernis, pois o seu tamanho permite uma melhor adaptação aos espaços mais estreitos das peças. O modelo RHSL funciona ao contrário.Foi especialmente concebido para eliminar de forma rápida e eficaz o recorte de tiras, redondos, traseiros, quartos traseiros, lombos, pálpebras e placas da cara das carcaças de porco. LÍDER MUNDIAL EM MÁQUINAS DE PROCESSAMENTO DE CARNE

4 Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Defensores de Chaves, 15 3º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone +351 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Grupo Interempresas Media, S.L. (100%) Diretora Joana Peres Equipa Editorial Joana Peres, Gabriela Costa, Nina Jareño Marketing e Publicidade Frederico Mascarenhas redacao_ialimentar@interempresas.net www.ialimentar.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 44 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127558 Déposito Legal 480593/21 Distribuição total +5.200 envios. Distribuição digital a +4.500 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel Edição Número 18 – Outubro de 2024 Estatuto Editorial disponível em https://www.ialimentar.pt/EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Lidergraf Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal www.lidergraf.eu Media Partners: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da iALIMENTAR adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. SUMÁRIO ATUALIDADE 6 EDITORIAL 7 A história de sucesso da amêndoa europeia: uma radiografia da qualidade e sustentabilidade do produto embaixador da Península Ibérica 14 Entrevista com Miguel Anjos, gestor da LogiPack 16 Sugal instala a primeira caldeira de biomassa para processamento de tomate na Europa 20 Muito para além da polpa: o potencial inexplorado do maracujá roxo 24 Rotule você mesmo: impressão interna de informações nutricionais para maior conformidade e transparência 27 Brother aposta nas linerless para tornar a etiquetagem mais eficiente e sustentável 30 Rotulagem nutricional e transparência para o consumidor: da informação técnica à confiança pública 32 Embalagens alimentares e rotulagem ambiental: normas nacionais e europeias 36 Sai da frente, Quinoa — será o Sorgo o próximo superalimento? 42 PIEP: inovação sustentável e circular nas embalagens alimentares 44 Projeto NEWPACK | Sovena desenvolve biopolímeros com valor nutritivo marinho 47 Sick lidera transformação do packaging com soluções eficientes e sustentáveis 50 DS Smith apresentou a nova gama de soluções de packaging sustentável à base de fibra na Fruit Attraction 2025 52 Sidel lança EvoBLOW Laser e inaugura uma nova era no packaging de bebidas e alimentos 56 Especialista em.... Vinificação 58 Viticultor cultiva a tradição com a caixa palete Craemer CB3 High 60 Novo investimento: Centro de Vinificação do Vale do Douro já arrancou para a primeira vindima 62 Digitalização na restauração: eficiência e proximidade em poucas linhas 65

Seis motivos para utilizar soluções de aluguer Daikin 1. Daikin on Site, uma solução para as necessidades específicas dos clientes 2. Soluções para emergências de arrefecimento 3. Arrefecimento de apoio para aplicações e processos críticos 4. Eventos especiais 5. Soluções para variações na carga de arrefecimento 6. Arrefecimento durante os encerramentos e cortes de produção planeados Saiba mais em daikin.pt A Daikin Rental está a disponibilizar chillers, bombas de calor e serviços de aluguer para satisfazer as suas necessidades de arrefecimento temporárias ou permanentes e, simultaneamente, reduzir o CAPEX e otimizar o OPEX. Vasta gama de capacidades bombas de calor chillers 50 kW 50 kW 600 kW 800 kW Soluções de 10kW a 10MW Redução dos custos de funcionamento Flexibilidade de aplicação Fiabilidade Conforto acústico Rapidez de intervenção Serviços de aluguer Unidades chiller e bombas de calor Onde, quando e como precisar. SERVIÇOS E SOLUÇÕES INTEGRADOS PEÇAS E REPARAÇÕES ALUGUER SUBSTITUIÇÃO MODERNIZAÇÃO OTIMIZAÇÃO LIGAÇÃO E MANUTENÇÃO

6 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.IALIMENTAR.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE FIPA reforça presença da Estratégia Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar 2025+ Por ocasião do Dia Internacional de Consciencialização sobre Perdas e Desperdício Alimentares, a FIPA - Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares marcou presença no encontro promovido pelo Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP), onde foi apresentada a proposta da Estratégia Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar 2025+ (ENCDA 2025+), sob o lema “Agir contra o desperdício alimentar”. A ENCDA 2025+ reforça o compromisso nacional com a redução do desperdício alimentar, propondo medidas mais direcionadas e uma maior articulação institucional. Enquanto parceiro histórico da estratégia pública de combate ao desperdício alimentar, a FIPA apresentou durante o evento as Boas Práticas de Prevenção e Combate ao Desperdício Alimentar já implementadas pela indústria e que permitem ser o elo da cadeia alimentar que gera menos desperdício. A FIPA destacou ainda o empenho do setor agroalimentar em reduzir para metade o desperdício alimentar até 2030, em linha com a Meta 12.3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), através de diversas ações: • Contributo ativo para a Estratégia do Prado ao Prato da União Europeia, apoiando o objetivo de tornar a Europa a primeira região neutra em carbono até 2050; • Promoção da redistribuição de alimentos sempre que o desperdício não pode ser evitado, em conformidade com a hierarquia do desperdício alimentar; • Reforço da formação e sensibilização interna em toda a cadeia de valor; • Definição de objetivos claras e mensuráveis para mobilizar recursos e concentrar esforços na prevenção do desperdício alimentar; • Melhoria dos materiais de embalagens, garantindo simultaneamente a segurança alimentar e a sustentabilidade, em linha com os objetivos da economia circular; • Disponibilização de informação útil aos consumidores sobre características do produto, conservação, prazos de validade, planeamento de refeições e utilização criativa dos alimentos, bem como oferta de diferentes formatos e tamanhos de embalagens adaptados às necessidades dos consumidores; • Promoção da inovação e utilização de coprodutos, incentivando a investigação e o desenvolvimento através de parcerias e mecanismos de financiamento público e privado, com especial impacto nas PME do setor. Danone inaugura Hub de Inovação em Valência Uma medida que reforça aposta da empresa na ciência, saúde e sustentabilidade. A Danone acaba de dar um passo decisivo na sua estratégia de crescimento e inovação com a inauguração do novo Hub de Inovação em Aldaia (Valência), a maior unidade industrial da empresa na Europa e um polo estratégico para Portugal. É deste centro que sai 76% do portefólio comercializado no mercado português, incluindo marcas de referência como Activia, Actimel, YoPRO e Danacol. Com um investimento superior a 60 milhões de euros, nos últimos cinco anos, o novo Hub representa um modelo de excelência para a indústria alimentar europeia, combinando ciência, tecnologia e sustentabilidade em todas as fases da cadeia de valor — desde a produção de embalagens até à distribuição final. “Aldaia é muito mais do que uma fábrica para a Danone: é um ponto de encontro entre a nossa história, o compromisso com a inovação e a nossa visão de futuro. Este novo Hub é sinónimo de eficiência, sustentabilidade e liderança”, afirmou François Lacombe, diretor-geral da Danone Ibéria.

7 Brasmar reforça capital e compra unidade espanhola A Brasmar, holding portuguesa líder no setor dos produtos do mar, anunciou duas operações estratégicas que reforçam a sua visão de longo prazo e compromisso com o crescimento sustentável, apostando na reorganização da estrutura acionista e na aquisição da unidade produtiva do Grupo Giraldo, em Espanha. A Brasmar SGPS, holding portuguesa de referência no setor dos produtos do mar congelados, anunciou duas operações estratégicas que marcam um novo capítulo na sua trajetória de crescimento internacional. A empresa da Trofa vai receber a Oxy Capital como novo acionista, numa participação de cerca de 25%, enquanto avança para a compra da unidade produtiva do Grupo Giraldo, em Espanha, num investimento de 18 milhões de euros. A reorganização acionista resulta de um acordo que traz para o capital da Brasmar a principal gestora de investimentos portuguesa, a Oxy Capital, que gere mais de mil milhões de euros em ativos. O VigentGroup reforça a sua posição ao adquirir mais 1% do capital, enquanto a MCH Private Equity mantém-se com aproximadamente 25%. “Com esta nova configuração, reforçamos a solidez e a ambição do nosso projeto. A entrada da Oxy Capital traz novas competências e energia”, explica Sérgio Silva, fundador e presidente do Conselho de Administração da Brasmar. Simultaneamente, a empresa viu aceite a sua proposta para a aquisição da unidade produtiva do Grupo Giraldo, operador espanhol especializado em bacalhau refrigerado e pratos preparados à base de peixe. A operação será concretizada em setembro através da subsidiária espanhola BRAESP - Productos Alimenticios, S.A., assegurando a continuidade da atividade nas unidades de Legutio, em Álava, e a manutenção de cerca de 120 postos de trabalho. EDITORIAL O setor agroalimentar português está a transformar-se de dentro para fora, movido por pessoas, ideias e pela vontade de fazer melhor. A transformação em curso vai muito além da tecnologia — é uma mudança de mentalidade. Hoje, as empresas já não competem apenas pela eficiência: competem pela confiança, pela transparência e pela capacidade de inovar com propósito e impacto real. Nesta edição da iAlimentar, partilhamos exemplos reais de quem transforma ideias em ação. O Newpack, promovido pela Sovena, prova que é possível reinventar as embalagens e reduzir o impacto ambiental sem comprometer a funcionalidade. É um projeto que traduz a transição para uma economia mais circular e responsável. A Sugal confirma que a descarbonização não é uma promessa, mas uma realidade. A aposta na biomassa como fonte de energia limpa demonstra que sustentabilidade e rentabilidade podem — e devem — coexistir. No PIEP, a engenharia portuguesa continua a transformar ciência em soluções concretas, reforçando o papel da inovação nacional na modernização da indústria. A Logipack nasce, por sua vez, como um espaço de encontro entre empresas, investigadores e decisores. Um ponto de encontro que reforça o papel estratégico da embalagem e da logística na competitividade e na sustentabilidade das empresas. Esta edição apresenta três dossiers que refletem grandes linhas do setor. Rotulagem nutricional e transparência para o consumidor, abordando o caminho da informação técnica até à construção da confiança pública. Embalagens mais inteligentes e sustentáveis, explorando soluções que conciliam inovação, funcionalidade e responsabilidade ambiental. E técnicas e equipamentos de vinificação, onde tradição e tecnologia se unem para reforçar a excelência vitivinícola nacional. O futuro da alimentação constrói-se todos os dias com conhecimento, colaboração e visão. E Portugal mostra que tem as pessoas e as ideias certas para liderar este caminho, unindo inovação, sustentabilidade e propósito. Boas leituras e até à próxima edição. Pessoas, ideias e propósito: a nova energia do setor alimentar

8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.IALIMENTAR.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Setor do vidro reforça metas de descarbonização para 2050 A indústria portuguesa do vidro de embalagem assinalou o Dia Nacional da Sustentabilidade destacando reduções de 30% no consumo energético, 50% nas emissões de CO₂ e 80% no uso de água ao longo das últimas três décadas. Apesar de já integrar mais de 50% de vidro reciclado na produção, o setor alerta que a taxa nacional de reciclagem — atualmente em 56% — permanece aquém da meta europeia de 75% até 2030, sendo urgente acelerar a transição energética e tecnológica rumo à neutralidade carbónica em 2050. A 25 de setembro, Dia Nacional da Sustentabilidade, a Associação dos Industriais de Vidro de Embalagem (AIVE) destacou os avanços do setor rumo à descarbonização e alertou para a urgência de reforçar a reciclagem de garrafas e frascos em Portugal. Apesar de progressos notáveis nas últimas três décadas — com reduções de 30% no consumo energético, mais de 50% nas emissões de CO2 e 80% no consumo de água — o setor enfrenta ainda desafios significativos para cumprir as metas europeias de reciclagem e alcançar a neutralidade carbónica em 2050. Atualmente as embalagens de vidro fabricadas em Portugal já integram mais de 50% de vidro reciclado, mas a taxa nacional de reciclagem situa-se nos 56%, abaixo da meta de 75% estabelecida pela União Europeia para 2030, segundo dados do Eurostat (2023). “Cada garrafa não reciclada é uma oportunidade perdida de reduzir emissões, poupar energia e proteger o ambiente. É urgente que a sociedade e o canal HORECA respondam a este desafio coletivo”, sublinha Tiago Moreira da Silva, presidente da AIVE. STEF cresce no negócio alimentar, mas semestre marcado por fatores excecionais O Grupo STEF registou no primeiro semestre de 2025 um crescimento de 6,4% no volume de negócios, impulsionado sobretudo pela logística alimentar em França, Portugal e Espanha, mas os resultados líquidos caíram devido a fatores excecionais como um ajustamento de IVA em Itália, maior carga fiscal em França e os custos de integração de aquisições no Benelux. O Grupo STEF apresentou os resultados do primeiro semestre de 2025 com sinais mistos: se, por um lado, o volume de negócios aumentou 6,4% face ao mesmo período do ano passado, atingindo 2.474,1 milhões de euros, por outro, os resultados líquidos foram fortemente penalizados por acontecimentos extraordinários. O resultado operacional caiu para 55,9 milhões de euros (-47,6%), enquanto o lucro líquido consolidado recuou 76,7%, para 15,8 milhões de euros. Segundo Stanislas Lemor, presidente e diretor-geral da STEF, o semestre foi marcado por “um bom desempenho da atividade”, mas também por três fatores excecionais: uma regularização de IVA em Itália, a subida da carga fiscal em França e os custos de integração das aquisições recentes no Benelux.

9 ATUALIDADE TAEG Compact R513A PROCESS COOLING SOLUTIONS SOLUÇÕES PARA O PROCESSO INDUSTRIAL FIABILIDADE E ROBUSTEZA Chillers condensados a ar Unidades com ventiladores de alta pressão estática Chillers condensados a água Bombas de calor Módulos free-cooling integráveis Soluções personalizadas | Supervisão e Conectividade + 351 22 606 97 64 www.mta-it.com Rua da Barruncheira nº 6 1º andar IN-TANK EVAPORATOR The game changer Chillers condensados a ar Potência frigorífica: 4 - 16kW Compressores: scroll Refrigerante: R513A

10 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.IALIMENTAR.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Tetra Pak e Swan Neck Bio juntas para acelerar a escalabilidade dos Novos Alimentos A Tetra Pak estabeleceu uma parceria estratégica com a biotecnológica dinamarquesa Swan Neck Bio para simplificar a produção de Novos Alimentos através da tecnologia DIRINOC, uma solução inovadora que reduz riscos de contaminação, melhora a previsibilidade dos resultados e acelera a passagem da escala piloto à produção industrial. A colaboração surge num momento em que a fermentação de biomassa e de precisão enfrenta um dos maiores obstáculos à industrialização: a fase de preparação de sementes. O DIRINOC, desenvolvido pela Swan Neck Bio, consiste num cultivo iniciador concentrado, certificado e pronto para inoculação direta, que elimina a necessidade de propagação de culturas pelos próprios produtores. Além de diminuir custos e desperdício, esta solução aumenta a consistência do processo e permite um controlo mais rigoroso da qualidade. O DIRINOC foi integrado no ecossistema de desenvolvimento da Tetra Pak, que inclui o recentemente inaugurado Centro de Desenvolvimento Tecnológico de Novos Alimentos, em Karlshamn, Suécia. Com esta integração, os fabricantes podem optar por externalizar a fase de cultivo de sementes ou testá-la em escala piloto, ajustando os processos antes de investir em linhas de produção completas. “Velocidade, gestão de riscos e flexibilidade são fundamentais para os produtores de Novos Alimentos. A nossa colaboração com a Swan Neck Bio abre novas possibilidades de eficiência na fermentação, eliminando uma das principais barreiras à escalabilidade”, afirma Rafael Barros, diretor de Novos Alimentos na Tetra Pak. DeepTech Transfer: o novo projeto da Universidade Católica A iniciativa tem como objetivo impulsionar a transferência de conhecimento nas áreas da saúde, agroalimentar e tecnologias. DeepTech Transfer – Transferência e valorização de DeepTech em Agroalimentar, Saúde e Tecnologias de Informação é o novo projeto da Universidade Católica Portuguesa (UCP). A iniciativa é cofinanciada pelo programa Portugal2030, que envolve investigadores e docentes dos campi do Porto, Braga e Viseu. A universidade explica que o projeto é coordenado pelo Research and Innovation Office (RIO) da Universidade Católica Portuguesa e que o objetivo é acelerar a transferência de conhecimento científico e tecnológico nas áreas da Biotecnologia Agroalimentar, Saúde e Tecnologias de Informação, com impacto direto nas regiões Norte e Centro. A instituição acrescenta ainda que o DeepTech Transfer irá reforçar a articulação entre academia e empresas, promovendo a valorização económica de resultados de I&D e o desenvolvimento de soluções de alto valor acrescentado, através de ações de promoção, apoio à prototipagem, 'scale-up' e criação de ferramentas de validação tecnológica, de patenteabilidade e de negócio. "O DeepTech Transfer é um passo estratégico na missão da Universidade Católica de transformar conhecimento em impacto, uma vez que este projeto permite não só criar condições mais sólidas para a valorização de resultados científicos, como também promover uma cultura de inovação e empreendedorismo orientada para os desafios reais das regiões Norte e Centro”, refere João Cortez, diretor do RIO.

11 Márcia Damas assume direção-geral de Embalagens e Plásticos de Uso Único no Electrão A executiva assume a missão de acelerar a transição para uma economia circular e apoiar as empresas no cumprimento das metas europeias para a reciclagem. O Electrão anunciou a nomeação de Márcia Damas como nova diretora-geral de Embalagens e Plásticos de Uso Único, reforçando a aposta da entidade na especialização e no aprofundamento da sua atividade na área da reciclagem. Com uma carreira consolidada no setor das embalagens, Márcia Damas desempenhou, nos últimos oito anos, funções de responsável de gestão de projetos na Logoplaste, empresa de referência na inovação e sustentabilidade das embalagens de plástico. Licenciada em Engenharia de Materiais pela Universidade Nova de Lisboa, possui ainda uma pós-graduação em Tecnologia e Inovação e certificação internacional em Gestão de Projetos. “As novas funções que assumo representam um compromisso pessoal e profissional com a sustentabilidade e transição para uma economia verdadeiramente circular. Acredito que a embalagem pode – e deve – ter um futuro regenerativo. Estou motivada para trabalhar com todos os agentes da cadeia de valor para promover mais inovação, responsabilidade e circularidade, com especial foco nos desafios do ecodesign”, sublinhou a nova diretora-geral. Rápida. Flexível.Segura. Sustentável. Concebida para satisfazer as mais elevadas exigências da indústria alimentar, a termoformadora wePACK 7000 da Weber destaca-se pela sua precisão, higiene e eficiência energética. A sua construção totalmente em aço inoxidável e a tecnologia servo-acionada garantem uma operação fiável e duradoura. Compatível com todos os tipos de embalagens: MAP, vácuo, skin, multicamadas e adequada para filmes convencionais ou sustentáveis. Graças ao sistema de troca rápida SmartChange e à sua integração perfeita com as gamas Weber, a produção mantém-se fluida, eficiente e ininterrupta. WePACK 7000: Inovação e desempenho para a embalagem do futuro.

12 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.IALIMENTAR.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER BRAINR levanta até 11 milhões de euros e prepara expansão para toda a indústria alimentar Com este investimento, liderado pela C2 Capital Partners, a empresa portuguesa que iniciou operações em 2023, procura acelerar a digitalização da indústria alimentar, numa ronda seed que está entre as maiores realizadas em Portugal. O software da BRAINR gere já mais de 25% da produção de carne em Portugal e o objetivo é chegar a outros setores da indústria alimentar. A BRAINR, startup portuguesa de software de gestão de produção para a indústria alimentar, fechou uma ronda de investimento que pode atingir os 11 milhões de euros, liderado pelo fundo de capital de risco C2 Capital Partners. Trata-se do maior 'seed round' alguma vez realizado em Portugal, superando o anterior recorde em cerca de meio milhão de euros. Para Paulo Gaspar, CEO e cofundador BRAINR, trata-se de um "investimento histórico que marca o início de uma nova era para a BRAINR. Com ele vamos acelerar os nossos investimentos em I&D e democratizar a inteligência artificial para toda a indústria alimentar - da fábrica mais pequena à maior - criando um cérebro digital inteligente que elimina erros, guia os operadores no seu trabalho, e aumenta a eficiência e rastreabilidade de todas as operações”. Já André Oliveira, Managing Partner da C2 Capital Partners, afirma que “a BRAINR conta com uma equipa de pessoas altamente capazes e conhecedoras do setor, que conseguem transformar as operações, simplificando e otimizando o dia a dia das fábricas”. “A BRAINR tem tudo para liderar a digitalização da indústria alimentar”, acrescenta. Segundo o WEF (World Economic Forum), a indústria alimentar é das menos digitalizadas no mundo, e por isso a BRAINR tem como objetivo claro construir o cérebro digital das fábricas alimentares para acelerar esta transformação. O problema que BRAINR resolve é comum a todo o setor: fábricas que ainda dependem de papel, folhas de Excel e processos manuais dando origem a elevados níveis de desperdício, assim como rastreabilidade e segurança alimentar comprometidas. Problemas que as soluções disponíveis no mercado não têm conseguido resolver. O sistema liga todas as áreas da fábrica em tempo real, elimina erros, melhora o rendimento e a rastreabilidade. “Com uma equipa que alia experiência empresarial e conhecimento profundo do setor, a BRAINR procura simplificar o dia a dia dos operadores nas fábricas. A tecnologia que usa concretiza o que o smart manufacturing há anos promete, mas que a indústria alimentar ainda não tinha conseguido materializar. Tudo para que as equipas possam concentrar-se em produzir com rigor e eficiência”, defende Duarte Diniz, Investment Senior Analyst da C2 Capital Partners, responsável pela operação. A BRAINR iniciou operações em finais de 2023 e o seu software gere hoje mais de 25% de toda a produção de carne em Portugal. Com este investimento, pretende expandir internacionalmente e preparar a expansão para outros setores alimentares: pescado, panificação, confeitaria, bebidas e produtos alimentares em geral. Alguns dos exemplos de sucesso do impacto da BRAINR são: • Avisabor (Estarreja): Escalou de 40 mil para 190 mil frangos por dia, sem arriscar perder controlo das operações, e reduzindo em mais de 95% os erros de expedição. • Campoaves (Oliveira de Frades): Transformou o maior matadouro de frango do campo em Portugal, através da digitalização integral da fábrica e conseguindo eliminar praticamente os registos em papel e excel e, assim, reduzir em mais de 92% o tempo gasto em registos manuais de dados. • Comave (Viseu): Digitalizou a produção, permitindo alcançar a certificação IFS em tempo recorde e uma rastreabilidade 100% digital, e reforçando a confiança nos processos de qualidade. BRAINR assenta na tecnologia cloud mais avançada, integra inteligência artificial, tem integrações plug-and-play com os principais fabricantes de equipamentos e mais de 100 funcionalidades específicas para a indústria alimentar. O sistema é simples de usar, adapta-se às rotinas diárias e não ocupa espaço, para que as equipas possam concentrar-se no que realmente importa: produzir com rigor e eficiência. C M Y CM MY CY CMY K

PUBLIREPORTAGEM 14 A HISTÓRIA DE SUCESSO DA AMÊNDOA EUROPEIA: UMA RADIOGRAFIA DA QUALIDADE E SUSTENTABILIDADE DO PRODUTO EMBAIXADOR DA PENÍNSULA IBÉRICA Entre os seus grandes trunfos, conta-se a presença de variedades perfeitamente adaptadas ao meio ambiente, cada uma com as suas qualidades organolépticas distintivas: guara, penta, belona ou lauranne, entre outras. A proximidade e o baixo impacto ambiental deste fruto seco local são fatores determinantes para uma indústria alimentar europeia cada vez mais consciente da sua pegada ecológica. Uma gestão exemplar da água, uma qualidade assegurada pelo empenho de milhares de trabalhadores do setor e variedades únicas que as tornam facilmente distinguíveis. Esta é a receita que fez da amêndoa europeia, tendo a Península Ibérica como principal centro de produção, um dos grandes embaixadores do nosso mundo rural. Cada vez mais procurado tanto pelos consumidores finais como pelos profissionais da indústria alimentar, este produto provém de uma cultura lenhosa perfeitamente adaptada ao ambiente mediterrânico, com inúmeros benefícios ambientais neste território: desde o sequestro de CO2 (estima-se que a 'floresta' ibérica fixe cerca de 17 milhões de toneladas por ano, uma quantidade equivalente à emitida pela cidade de Barcelona) até à prevenção da erosão dos solos ou à sua função de corta-fogo natural. Outro aspeto desta adaptação está patente nas suas variedades locais mais apreciadas. Nomes como guara, constantí, belona, lauranne ou penta, para citar apenas cinco das mais de 100 variedades presentes no território, cativam pelo seu sabor, textura e aroma singulares, uma vez que cada uma delas possui caraterísticas especiais que influenciam os usos (gastronómicos e industriais) que melhor se adequam. Uma versatilidade que está a abrir infinitas oportunidades para a amêndoa europeia entre os especialistas. REFERÊNCIA SUSTENTÁVEL Um dos pilares desta história de sucesso é o modelo de produção europeu comprovado e a estratégia “Do campo para a mesa”. Este sistema,

A UNIÃO EUROPEIA APOIA CAMPANHAS QUE PROMOVEM A QUALIDADE DOS PRODUTOS AGRÍCOLAS. Financiado pela União Europeia. No entanto, os pontos de vista e as opiniões expressas são as do(s) autor(es) e não refletem necessariamente a posição da União Europeia ou da Agência de Execução Europeia da Investigação (REA). Nem a União Europeia nem a autoridade que concede a subvenção podem ser tidos como responsáveis por essas opiniões. Quer saber mais? Leia o código QR 15 PUBLIREPORTAGEM um dos mais avançados do mundo, garante a sustentabilidade e a qualidade do produto graças a um conjunto de regras e regulamentos exigentes. Os 800.000 hectares de amendoeiras em Espanha e Portugal fazem da Península Ibérica o segundo maior produtor e exportador mundial deste fruto seco. Ambos os países exportam principalmente para o mercado europeu, que representa 31% do consumo mundial de amêndoa, com cerca de 487 000 toneladas. Esta situação levou a organização espanhola SAB-Almendrave e a organização portuguesa Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos (CNCFS) a unirem esforços para promover o projeto Sustainable EU Almond, cofinanciado pela União Europeia. Esta campanha é dirigida a quatro mercados: Alemanha, França e os dois países produtores, Espanha e Portugal. E a mensagem é clara: com os consumidores europeus a exigirem cada vez mais alimentos sustentáveis e locais, as amêndoas ibéricas são a solução perfeita para as indústrias alimentares do continente. Ainda mais numa altura como esta. No que respeita ao ambiente, os produtores ibéricos vão muito além dos requisitos legais. Por exemplo, no que diz respeito à gestão da água: 82% das amendoeiras dos dois países são cultivadas em regime de sequeiro. Além disso, 25% dos hectares desta cultura em Espanha e Portugal são certificadas como biológica. Em suma: sustentabilidade e qualidade são os dois “segredos” do sucesso crescente da amêndoa europeia, que continua a conquistar paladares e mercados. n

ENTREVISTA 16 MIGUEL ANJOS, GESTOR DA LOGIPACK “Queremos que a LogiPack seja o hub de inovação e conhecimento do setor” Joana Peres A iAlimentar entrevistou Miguel Anjos, gestor da LogiPack, que está à frente da primeira edição do evento marcada para 21 a 23 de outubro de 2025, na FIL – Feira Internacional de Lisboa. A LogiPack surge para dar resposta a desafios centrais da indústria, como a digitalização, a sustentabilidade e a reorganização das cadeias de abastecimento, afirmando-se desde já como uma plataforma estratégica de negócios, conhecimento e inovação para empresas nacionais e internacionais dos setores da embalagem e da logística.

ENTREVISTA 17 A LogiPack estreia-se em 2025. O que esteve na origem desta decisão e porque é que Lisboa foi a cidade escolhida para a primeira edição? A LogiPack surge num momento marcante para a evolução dos setores da embalagem e logística, impulsionada pela digitalização, sustentabilidade e crescente necessidade de cadeias de abastecimento mais eficientes. Face ao impacto que esta transformação tem nos modelos de negócios, sentimos a necessidade de criar um espaço agregador para a apresentação de soluções e concentração oportunidades de negócio. A FIL – Feira Internacional de Lisboa será o ponto de partida da primeira edição da LogiPack. Com uma energia empreendedora em constante crescimento, Lisboa combina tradição e modernidade, oferecendo a quem a visita um ambiente de inovação e oportunidades de negócio. A sua posição geográfica privilegiada faz desta cidade o local perfeito para reunir empresas exportadoras, compradores qualificados e entidades públicas e privadas em torno da embalagem e da logística. Que papel ambiciona que a LogiPack venha a desempenhar no calendário dos grandes eventos profissionais? É nosso objetivo tornar a Logipack numa plataforma profissional de referência que reúna toda a cadeia de valor da embalagem e logística num único espaço. Ambicionamos ser o ponto de encontro estratégico para a promoção de negócios e conhecimento, tanto no contexto nacional como internacional. Quais são os objetivos imediatos para esta primeira edição e que metas já estão traçadas a médio prazo? Para a primeira edição da Logipack, o objetivo é oferecer uma experiência de alto valor para os nossos expositores e visitantes, que inclua conteúdos relevantes, networking qualificado e a concretização de negócios. A médio prazo, queremos consolidar a LogiPack como o principal hub de inovação e conhecimento para os setores da embalagem e logística em Portugal. Em que aspetos considera que a LogiPack se distingue de outros eventos ligados à embalagem e à logística que já existem no mercado? A principal diferença que identifico é a abordagem integrada da cadeia de valor da embalagem e da logística, refletindo a tendência atual de crescente ligação entre os dois setores. Para além da área de exposição, o evento inclui um programa de conferências estratégicas e academias técnicas que trazem a debate temas como novos materiais, a sustentabilidade, digitalização e eficiência operacional. Que setores industriais vão marcar presença e terão maior representatividade nesta estreia? Os setores representados vão desde o design e fabrico de embalagens, à automação, maquinaria, operadores logísticos, tecnologias de rastreabilidade, transporte, armazenagem e gestão de dados. São áreas com grande peso económico e que estão na linha da frente da inovação em embalagem e logística. A feira combina exposição empresarial, conferências técnicas e uma forte vertente de networking. Como foi desenhada esta articulação para garantir valor acrescentado a quem participa? O evento foi pensado numa lógica funcional e complementar: os expositores apresentam soluções, produtos e serviços; as conferências refletem as grandes tendências e desafios do setor; e a Bolsa de Contactos promove parcerias estratégicas. Tudo isto num ambiente que favorece a partilha de conhecimento e a concretização de negócios. A inovação e a sustentabilidade são apontadas como pilares centrais do evento. De que forma vão ser evidenciadas ao longo da feira? A inovação e a sustentabilidade refletem os principais desafios e prioridades do setor. No que toca à sustentabilidade, o evento vai dar visibilidade a soluções que promovem a economia circular, reduzem o desperdício e cumprem as normas europeias. No campo da inovação, vão estar representadas tecnologias dedicadas à rastreabilidade, automação e gestão inteligente de armazéns.

ENTREVISTA 18 Estes temas vão estar presentes na área de exposição e nas conferências, reforçando o compromisso da LogiPack com a modernização e competitividade do setor em Portugal. Entre os temas em destaque nas conferências estão os novos materiais, a transformação digital, a eficiência operacional e a legislação europeia. Quais destes tópicos considera mais urgentes para o futuro de ambos os setores? O programa de conferências é desenvolvido em colaboração com um conselho consultivo multidisciplinar que reúne associações e empresas de referência do setor. Assim sendo, posso afirmar que todos os temas assumem uma grande relevância para o público-alvo do evento, tratando-se de tópicos que impactam diretamente o futuro competitivo das empresas. Na sua perspetiva, a indústria portuguesa está preparada para responder a desafios tão exigentes como a circularidade e a neutralidade carbónica? A indústria portuguesa tem demonstrado uma capacidade de adaptação e inovação notável face a estes desafios cada vez mais exigentes. A LogiPack pretende desempenhar um papel ativo nesta transição, promovendo conhecimento e colaboração. Sendo um evento dirigido a profissionais com poder de decisão, que impacto espera gerar junto das empresas participantes — quer em termos de negócio, quer em termos de visão estratégica? A LogiPack pretende gerar impacto e oportunidades comerciais qualificadas. Esperamos que os expositores e visitantes levem consigo novos contactos, oportunidades e uma visão clara dos caminhos para o futuro. Que contributo pode a LogiPack dar para reforçar a valorização internacional da indústria portuguesa de embalagem e logística? A LogiPack vai ser uma montra internacional do talento e da capacidade produtiva da industrial portuguesa de embalagem e logística. Ao reunir em Lisboa empresas líderes, compradores qualificados e entidades de vários mercados estratégicos, o evento cria oportunidades concretas para gerar negócio, estabelecer parcerias e abrir portas a novos destinos de exportação. Como tem sido a resposta do mercado? Já é possível avaliar o nível de interesse e de adesão dos expositores e visitantes? A reação do mercado tem sido muito positiva. Desde o anúncio da LogiPack 2025, registámos um forte movimento de interesse por parte de expositores e visitantes profissionais, refletido no elevado número de contactos e pedidos de informação nas primeiras semanas. A LogiPack responde a uma necessidade real do setor e está a despertar grande interesse junto de empresas de toda a cadeia de valor, desde o design e produção de embalagens até à logística e às novas tecnologias. Atualmente, já contamos com dezenas de empresas confirmadas, incluindo marcas de referência nacional e internacional, e continuam a chegar novas inscrições diariamente. "A LogiPack surge num momento marcante para a evolução dos setores da embalagem e logística, impulsionada pela digitalização, sustentabilidade e crescente necessidade de cadeias de abastecimento mais eficientes"

ENTREVISTA 19 Do lado dos visitantes, as projeções são igualmente animadoras: as campanhas de comunicação e as parcerias com as entidades que compõem o Conselho Consultivo estão a gerar uma base de pré-registos sólida, sinal claro de que o mercado vê na LogiPack uma oportunidade de negócio, networking e atualização profissional. Em suma, a adesão inicial confirma que a LogiPack surge no momento certo, respondendo à necessidade de um ponto de encontro especializado em Portugal para os setores da embalagem e da logística. Na sua opinião, quais serão as grandes tendências que irão marcar a embalagem e a logística nos próximos anos? Atualmente, existem tendências impulsionadas pela automação e pela inteligência artificial nos campos do design e das transformações digitais. A sustentabilidade é também um tema em destaque, marcada pelas novas exigências europeias. E, por fim, a reorganização das cadeias de abastecimento logísticas, que procuram ser mais eficientes e resilientes. Que mensagem gostaria de deixar às empresas e profissionais que estão a ponderar participar nesta primeira edição, seja como visitantes ou expositores? A LogiPack é uma excelente oportunidade para conhecer e apresentar as últimas tendências do setor. É o lugar certo para gerar novos contactos, encontrar parceiros estratégicos e fechar negócios. Participar na LogiPack é potenciar o futuro do seu negócio. Pode partilhar alguma novidade ou surpresa que esteja reservada para esta estreia? Podemos garantir que a LogiPack não será apenas uma feira tradicional. Haverá experiências interactivas, lançamentos exclusivos de produtos e um ciclo de conferências que trará a Lisboa especialistas que vão inspirar o setor. Algumas novidades ficarão em segredo até ao dia da abertura, para surpreender expositores e visitantes. n “A LogiPack vai ser uma montra internacional do talento e da capacidade produtiva da industrial portuguesa de embalagem e logística” Para saber quais as conferências Logipack 2025, visite o website: https://logipack.fil.pt/ conferencias-logipack-5/

20 TECNOLOGIAS DE CONSERVAÇÃO E DE PROCESSAMENTO SUSTENTÁVEL Sugal instala a primeira caldeira de biomassa para processamento de tomate na Europa Com um investimento global de 100 milhões de euros até 2030, o grupo Sugal acelera a transição para uma indústria mais sustentável, colocando a inovação e a eficiência energética no centro da sua estratégia de futuro. Joana Peres Durante a campanha do tomate, o período de maior atividade e produção do grupo, a Sugal concretizou um marco histórico ao instalar na unidade industrial de Benavente a primeira caldeira de biomassa florestal para processamento de tomate em operação na Europa. Esta inovação integra o Programa de Descarbonização e Sustentabilidade 2022-2026 do grupo Sugal e foi cofinanciada pelo Programa de Recuperação e Resiliência (PRR). Com esta tecnologia pioneira, a fábrica de Benavente da Sugal – uma das mais importantes unidades de produção do maior produtor e exportador nacional de concentrado de tomate e um dos líderes mundiais do setor – passa a ser a unidade de transformação de tomate mais eficiente a nível energético da Europa, com um impacto ambiental significativamente reduzido. A apresentação oficial do projeto de descarbonização das fábricas localizadas em Portugal, no âmbito da estratégia de sustentabilidade 2030, realizou-se ontem, numa visita à unidade industrial de Benavente, que contou com a presença do CEO do grupo Sugal, João Ortigão Costa e do Ministro da Agricultura e Mar, José Manuel Fernandes. Durante a visira, João Ortigão Costa sublinhou o caráter pioneiro do investimento: “Somos a primeira fábrica do setor na Europa a instalar uma caldeira de biomassa — é um passo significativo na nossa estratégia de sustentabilidade. O centro de biomassa Unidade industrial do Grupo Sugal, em Benavente.

21 TECNOLOGIAS DE CONSERVAÇÃO E DE PROCESSAMENTO SUSTENTÁVEL é muito mais do que uma solução energética: é um passo estratégico para fecharmos o ciclo da economia circular dentro da fábrica, aproveitando resíduos que antes eram desperdício e transformando-os em energia para alimentar a nossa produção”. O CEO explicou ainda que o projeto integra uma visão mais ampla do grupo: “Planeamos investir 100 milhões de euros entre 2022 e 2030 em ações que combinam inovação, eficiência energética e redução do desperdício em todas as fases da produção. Queremos que 50% das nossas embalagens sejam recicláveis e estamos a trabalhar para reduzir em 30 a 40% o consumo de água nas operações agrícolas, nomeadamente no Chile, mas também em Portugal e Espanha”. CEO do grupo Sugal, João Ortigão Costa e o Ministro da Agricultura e Mar, José Manuel Fernandes. "A agricultura portuguesa tem empresas que dão cartas à escala global, e este é um exemplo de como podemos alinhar inovação, competitividade e sustentabilidade”, Ministro da Agricultura e Mar, José Manuel Fernandes

22 TECNOLOGIAS DE CONSERVAÇÃO E DE PROCESSAMENTO SUSTENTÁVEL O Ministro da Agricultura e Mar, José Manuel Fernandes, destacou a importância do investimento para o setor agroalimentar português: “A redução de custos é fundamental para aumentar a produtividade e a competitividade. Estes investimentos estão em linha com esse objetivo e permitem simultaneamente dar sustentabilidade e reforçar a coesão territorial. A agricultura portuguesa tem empresas que dão cartas à escala global, e este é um exemplo de como podemos alinhar inovação, competitividade e sustentabilidade”. O governante reforçou ainda a necessidade de criar condições para que o setor continue a crescer: “É essencial simplificar processos, reduzir burocracia e assegurar que o agricultor não é o perdedor na cadeia de valor. O setor agroalimentar representa mais de oito mil milhões de euros na nossa economia e 10% do emprego. Temos de garantir previsibilidade e estabilidade para que os investimentos se mantenham”. PLANO DE DESCARBONIZAÇÃO Este investimento, apoiado pelo PRR, insere-se num plano de investimento de 49 milhões de euros em operações industriais em Portugal, destinados sobretudo à modernização de equipamentos mais eficientes e de menor impacto ambiental, com o objetivo de reduzir o consumo energético e as emissões de carbono. A taxa de execução do plano de descarbonização para Portugal já ultrapassa os 80%. Em Portugal, os 49 milhões anunciados vão permitir alcançar antecipadamente a meta interna de reduzir até 40% as emissões de CO₂ das operações industriais até 2030, objetivo que deverá ser cumprido cerca de três anos antes do previsto.

23 TECNOLOGIAS DE CONSERVAÇÃO E DE PROCESSAMENTO SUSTENTÁVEL A ESTRATÉGIA DE SUSTENTABILIDADE DA SUGAL A estratégia do grupo assenta em quatro pilares fundamentais: • Neutralidade carbónica e transição energética – redução de 35-40% da intensidade carbónica da produção industrial e consumo integral de energia proveniente de fontes renováveis. • Agricultura e alimentação sustentável – redução de 15% do consumo de água na produção agrícola. • Economia circular – meta de garantir que pelo menos 50% das embalagens são reutilizáveis e redução de 10% no consumo de água nas fábricas. • Valorização dos recursos humanos e das comunidades – objetivo de eliminar acidentes de trabalho (índice de frequência 0%) e envolver 50% dos colaboradores em ações de voluntariado. Conheça a história do grupo Sugal em: https://sugal-group.com/sobre-a-sugal/ Com esta visão, a Sugal reafirma o seu compromisso em liderar a transformação sustentável da indústria agroalimentar, conciliando inovação, competitividade e responsabilidade ambiental e social. n

ESTUDO 24 MUITO PARA ALÉM DA POLPA: O POTENCIAL INEXPLORADO DO MARACUJÁ ROXO Alexandre M. A. Fonseca1,2, Armando J. D. Silvestre2 e Sílvia M. Rocha1 1LAQV-REQUIMTE & Departamento de Química, Campus Universitário Santiago, Universidade de Aveiro, 3810-193 Aveiro, Portugal 2CICECO-Aveiro Institute of Materials & Departamento de Química, Campus Universitário Santiago, Universidade de Aveiro, 3810-193 Aveiro, Portugal smrocha@ua.pt O maracujá roxo, para além da polpa saborosa, é composto por casca e sementes ricas em fibra dietética, minerais e vitaminas, com grande potencial para a alimentação humana e passíveis de conferir alegações nutricionais. Este estudo mostrou ainda que as características do fruto se mantêm estáveis ao longo de diferentes colheitas, sob condições controladas de cultivo. Assim, todo o fruto pode ser aproveitado, suportando uma estratégia de valorização integral e sustentável, sem desperdícios. O maracujá roxo ( Passiflora edulis f. edulis) é bem conhecido pelo seu sabor intenso e aroma característico. A polpa, consumida em fresco ou processada em sumo, é a parte mais apreciada pelos consumidores, mas, uma grande fração do fruto (cerca de 50%) acaba normalmente descartada como resíduo, principalmente as cascas e, em alguns casos, também as sementes. Com uma produção global estimada em 1.5 milhões de toneladas de maracujá por ano, cerca de metade deste valor é gerado como subproduto. No estudo “From physicochemical characteristics variability to purple passion fruit ( Passiflora edulis f. edulis) powders nutritional value: on the path of zero-waste”, publicado no Journal of the Science of Food and Agriculture (DOI 10.1002/jsfa.14087), uma equipa do Departamento de Química da Universidade de Aveiro, e dos laboratórios LAQV-REQUIMTE e CICECO vem propor uma nova perspetiva para a valorização destes subprodutos ao demonstrar que estes têm elevado potencial de exploração, quer enquanto base para a produção de ingredientes alimentares, ou quer para a preparação de pós para consumo humano. Nesse contexto, foram avaliadas em detalhe as características físico-quí-

ESTUDO 25 que no maracujá, estes compostos se concentram principalmente na casca (23-26 mg EAG/g peso seco), sendo por isso a parte do fruto que demonstrou maior atividade antioxidante in vitro. CASCA E SEMENTES: FONTES DE FIBRA DIETÉTICA E VITAMINA C Outro destaque deste estudo vai para a riqueza nutricional destes pós: os pós de casca e das sementes do maracujá roxo são fontes de fibra alimentar, enquanto os pós da casca e da polpa concentram quantidades muito significativas de vitamina C. De acordo com os resultados obtidos, um consumo diário de 10 gramas de pó obtido a partir da casca ou das sementes fornece, respetivamente, 21% e 22% da dose diária recomendada de fibra dietética . A mesma quantidade de pó obtido a partir da casca ou da polpa fornece, respetivamente, 51% e 11% da dose diária recomendada vitamina C. De acordo com a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar, uma alePós da casca, polpa, e sementes de maracujá roxo obtidos por liofilização e moagem. PARÂMETRO COLHEITA CASCA POLPA SEMENTES Média±DP Média±DP Média±DP Compostos fenólicos totais (mg EAG/g dw) 2020 26±2a 6.5±1.8a 4.5±0.5a 2021 23±2a 6.7±1.5a 5.5±0.3a 2022 24±1a 6.9±1.4a 4.5±0.3a Atividade antioxidante – método DPPH (mg ET/g dw) 2020 15±1a 1.9±0.6a 3.6±0.2a 2021 13±2a 2.2±0.3a 4.5±0.2a 2022 14±1a 2.6±0.4a 3.4±0.2a EAG – equivalentes de ácido gálico; ET – equivalentes de Trolox; dw- peso seco Teor total em compostos fenólicos e atividade antioxidante dos extratos em metanol aquoso (50:50 v/v) das frações de maracujá roxo ao longo de 3 colheitas consecutivas (2020–2022). Para cada parâmetro, valores na mesma coluna com a mesma letra não diferem significativamente (teste de Tukey, p˂0.05). micas, nutricionais e bioativas das diferentes partes do fruto (casca, polpa e sementes) ao longo de três colheitas consecutivas para determinar a sua variação entre diferentes colheitas. Efetivamente, o conhecimento sobre a variabilidade temporal da composição do maracujá roxo é fundamental para a viabilidade da sua valorização económica. AVALIAÇÃO DA VARIABILIDADE TEMPORAL DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO FRUTO A variabilidade da composição de produtos naturais, e dos seus subprodutos, colhidas em diferentes anos é influenciada por vários fatores ambientais e agrícolas e de pós-colheita. A garantia da estandardização da composição de um produto alimentar é um requisito importante para a sua comercialização e é tanto mais assegurado quanto menor a variabilidade entre colheitas relativamente à composição da matéria-prima. Neste estudo, os investigadores salientam que para esta avaliação foi salvaguardada uma gestão adequada de irrigação da plantação, impedindo que ocorra stress hídrico ao mesmo tempo que foram tidas em conta as variações das condições meteorológicas verificadas durante cada uma das colheitas. Perante isto, foi observado que em frutos no mesmo estado de maturação, características como massa e dimensões do fruto, peso fresco de cada uma das frações, a sua humidade, compostos fenólicos totais e atividade antioxidante não apresentaram diferença significativas. É também de destacar a atividade antioxidante o teor de compostos fenólicos presentes nas diferentes partes do fruto. Estes compostos desempenham um papel importante na proteção contra o stress oxidativo, estando por isso associados a benefícios para a saúde e mitigação dos sintomas de doenças crónicas associadas a um desequilíbrio redox. Foi demonstrado

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